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Economista que criou Bolsa Família critica auxílio emergencial: 'Péssimo'

Ricardo Paes de Barros, um dos mais renomados especialistas brasileiros em políticas públicas, em foto de 2013 - Sérgio Lima/Folhapress
Ricardo Paes de Barros, um dos mais renomados especialistas brasileiros em políticas públicas, em foto de 2013 Imagem: Sérgio Lima/Folhapress

Do UOL, em São Paulo

30/05/2021 10h26Atualizada em 31/05/2021 10h49

O economista Ricardo Paes de Barros, um dos mentores da criação do Bolsa Família no Brasil em 2004, criticou a maneira como o auxílio emergencial de 2020 foi criado no país. Em entrevista à revista Exame, Barros classificou o benefício como "péssimo".

"Tem coisas que são muito bem boladas, como o programa de redução da jornada e da renda, o BEm. O auxílio emergencial é péssimo", declarou à revista.

"Obviamente precisava ter um auxílio emergencial. Mas não deveria ser decidido de forma centralizada quem vai receber o auxílio. Isso deveria ser descentralizado o máximo possível. Deveríamos trabalhar com cotas, que poderiam ser por municípios, e deixar cada município se organizar com as suas comunidades para descobrir quem são as pessoas que mais necessitam", afirmou.

Barros ainda criticou a maneira como a pandemia foi gerenciada no país e disse que há o risco de transformá-la em algo "crônico".

Deveríamos ter feito como outros países, que adotaram um distanciamento social mais duro e uma paralisação econômica planejada por três semanas, com transferência de renda, com a intenção de controlar a pandemia. Corremos o risco de transformar a pandemia em algo crônico."

Ele ainda acrescentou que um tratamento mais profundo causaria menos detrimento para a economia. "Esse mecanismo arrastado de muitos meses é pior particularmente para os mais pobres", afirmou à publicação.

O economista diz acreditar que seria possível "cuidar melhor dos mais pobres" se a freada na pandemia tivesse acontecido em "um ou dois meses". "Mas por dois anos, não dá para fazer isso. O erro é arrastar o enfrentamento da pandemia."

Na entrevista à Exame, ele ainda defendeu que não há apenas perdas na economia, mas também na educação. "São 35 milhões de crianças fora da escola, o ano inteiro. O potencial de aprendizado que está sendo perdido é gigantesco."

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Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do informado, a entrevista de Ricardo Paes de Barros foi publicada pela revista Exame, e não Isto É. A informação foi corrigida.