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Quem ganha até R$ 2.500 não pagará Imposto de Renda, propõe governo

Do UOL, em São Paulo*

25/06/2021 10h48Atualizada em 25/06/2021 18h45

O ministro da Economia, Paulo Guedes, entregou nesta sexta-feira (25) ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), a proposta de reformulação das regras de tributação do Imposto de Renda de empresas e pessoas físicas.

No projeto, a faixa de isenção passará de R$ 1.900 para R$ 2.500. Isso significa que quem ganha até R$ 2.500 por mês não pagará Imposto de Renda. O valor é menos da metade do que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) havia prometido na campanha eleitoral. Ele havia dito que daria isenção para quem ganhasse até cinco salários mínimos (R$ 5.500 hoje).

O governo diz que não chegou a esse número por causa do impacto na arrecadação. A última correção do imposto foi feita em 2015.

Segundo cálculo do Sindifisco (Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Federal), para compensar a falta de correções, a isenção ideal hoje seria de R$ 4.022, e não R$ 2.500.

A proposta será analisada pela Câmara e pelo Senado. Se aprovada, dará isenção para mais 5,6 milhões de trabalhadores. Atualmente, 10,7 milhões de brasileiros não pagam o tributo porque têm renda de até R$ 1.903,99. No total, passariam a ser 16,3 milhões sem pagar imposto.

Segundo estimativa de Guedes, a medida impactará mais de 8 milhões de contribuintes em caso de aprovação.

A proposta faz parte da segunda fase da reforma tributária do governo, que tem por objetivo simplificar o cipoal do sistema tributário brasileiro.

A primeira fase já está no Congresso desde o ano passado, sem a indicação de relator até agora, e prevê a criação da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) — que vai unificar PIS e Cofins.

A entrega do projeto vinha sendo cobrada pelo presidente da Câmara. Sem conseguir avançar no projeto da CBS, Lira quer agilizar a votação das mudanças no IR, consideradas mais fáceis de serem aprovadas porque vêm acompanhadas de medidas populares, com o aumento da faixa de isenção do IR de pessoas físicas, promessa de campanha do presidente.

Quanto paga cada faixa de renda

Hoje o percentual de quanto se paga de Imposto de Renda está definido da seguinte forma:

  • 7,5%: para ganhos entre R$ 1,9 mil e R$ 2,8 mil
  • 15%: de R$ 2,8 mil a R$ 3,7 mil
  • 22,5%: de R$ 3,7 mil a R$ 4,6 mil
  • 27,5%: acima de R$ 4,6 mil

Com a nova proposta, ficaria assim:

  • 7,5%: para ganhos entre R$ 2.500,01 e R$ 3.200
  • 15%: de R$ 3.200,01 a R$ 4.250
  • 22,5%: de R$ 4.250,01 a R$ 5.300
  • 27,5%: acima de R$ 5.300

As alíquotas não seriam cobradas integralmente sobre os rendimentos. Quem ganha R$ 5.300 por mês, por exemplo, não pagaria 22,5% sobre toda a parte tributável do salário.

Os "primeiros" R$ 2.500 são isentos. O que passar desse valor, e não superar os R$ 3.200 por mês, é tributado em 7,5%. E assim sucessivamente.

Ou seja, a ampliação da faixa de isenção não vai beneficiar só quem ganha até R$ 2.500 (o novo teto da isenção), mas todos os contribuintes, porque uma fatia maior do salário ficará livre de tributação.

Para compensar a perda de arrecadação com a isenção do imposto para um número maior de contribuintes, o governo propõe a volta da cobrança dos lucros e dividendos que as empresas pagam para os seus acionistas como remuneração. Desde 1996, esses ganhos não são taxados na pessoa física.

Isenção deveria ser de até R$ 4.022,89, diz sindicato

A tabela do IR não sofre correção desde 2015. Com a inflação acumulada em 2020, de 4,52%, a defasagem da tabela do Imposto de Renda chegou a 113,09% desde 1996, segundo estudo do Sindifisco (Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Federal).

Se a tabela tivesse sido corrigida para as declarações de 2021, já encerradas, a isenção deveria valer para todos que ganham em média até R$ 4.022,89 por mês.

IR para empresas também será reduzido

O Imposto de Renda para empresas também será reduzido, disse Guedes. Hoje o tributo é de 25%. Pela proposta, cai para 22,5% em 2022 e para 20% em 2023.

Segundo Guedes, a redução dos impostos será possível a partir da tributação de rendimentos sobre capital.

Pela proposta, deixa de existir a possibilidade de isentar o dinheiro do empresário investido na sua empresa (juro sobre capital próprio).

Além disso, pagamentos de gratificações e participação nos resultados feitos com ações da empresa não poderão ser deduzidos como despesas operacionais.

*Com informações do Estadão Conteúdo