Lula busca mercado e empresários para reduzir rejeição a seu nome em 2022
Em meio a uma intensa agenda política desde que voltou a ser elegível, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem buscado reconstruir as pontes com o mercado e com o setor empresarial. De olho nas eleições presidenciais de 2022, Lula quer reduzir o temor em torno do seu nome. Discretamente, tem buscado alternativas para ocupar o Ministério da Fazenda, que pretende recriar em caso de vitória.
Diante da rejeição dos empresários e com poucas opções até o momento, Henrique Meirelles e Fernando Haddad são apontados por interlocutores petistas como "soluções caseiras" para o posto.
Diálogo com mercado para reduzir rejeição
Com os escândalos de corrupção no governo do PT expostos pela Operação Lava-Jato, Lula passou a ser rejeitado pelo empresariado e executivos do setor financeiro.
Pessoas próximas ao ex-presidente afirmam que ele está aberto ao diálogo com o mercado e com o setor produtivo para reduzir a rejeição ao seu nome.
Nessas conversas, ele quer relembrar que enquanto foi presidente os empresários lucraram e geraram empregos, sem intervenções do governo na economia.
Procurada, a assessoria de Lula declarou que não existem discussões sobre campanha ou sobre montagem de governo. A assessoria de Meirelles não se manifestou, e Haddad não respondeu aos contatos da reportagem.
Meirelles reconstruiria pontes com investidores
Atualmente no cargo de secretário de Fazenda e Planejamento de São Paulo do governo tucano de João Doria, Meirelles é visto como uma alternativa para dar credibilidade a um eventual governo do petista.
Com pontes implodidas, caberia ao ex-ministro da Fazenda reaproximar Lula de executivos e investidores. Os dois sempre tiveram uma boa relação, mesmo depois que o petista deixou de ocupar o Palácio do Planalto.
Um interlocutor de Lula ressaltou que a confiança em Meirelles levou o ex-presidente a indicá-lo para permanecer na presidência do Banco Central no primeiro mandato presidencial de Dilma Rousseff e para substituir Guido Mantega no Ministério da Fazenda no segundo mandato.
Nos dois casos, Meirelles recusou os convites porque acreditava que não teria o respaldo da então presidente para tocar as políticas econômicas do governo.
Experiência de Haddad na Prefeitura de SP
Com a experiência de comandar a Prefeitura de São Paulo e o Ministério da Educação, Haddad é apontado por interlocutores de Lula como outra alternativa para o Ministério da Fazenda.
Lula também pretende recriar os ministérios do Planejamento, do Trabalho, da Previdência e da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.
A experiência de comandar o maior orçamento público entre todas as cidades brasileiras é apontada como um ponto positivo para Haddad.
Além disso, Lula tem uma excelente relação com o ex-prefeito e coube a ele coordenar o programa de governo do ex-presidente para as eleições de 2018 - antes de ser alçado ao posto de candidato na chapa derrotada por Jair Bolsonaro.
Nessa oportunidade, ele se envolveu diretamente na formulação das propostas econômicas e teve encontro com banqueiros e empresários.
Segundo um interlocutor petista, Haddad não é rejeitado por empresários e pelo mercado como outros quadros do partido, o que o favoreceria para ocupar o posto.
Conversas com executivos do setor privado
Além de analisar nomes para ocupar o Ministério da Fazenda, Lula tem buscado espaço para conversar com executivos de mercado. Um dos principais interlocutores de Lula com o setor produtivo é o empresário e político Walfrido dos Mares Guia.
Mares Guia foi ministro do Turismo e de Relações Institucionais no governo Lula. Ele é membro do conselho de administração e acionista das empresas Kroton, do setor de educação, e da Biomm, de biotecnologia.
Em entrevista recente à Folha, Mares Guia disse que Lula é um homem de centro e sofre preconceito de empresários.
Magazine Luiza e Bradesco
Lula também quer reconstruir as pontes com a empresária Luiza Helena Trajano, presidente do conselho de administração do Magazine Luiza, e com Luiz Carlos Trabuco, presidente do Conselho de Administração do Bradesco.
Os dois executivos tinham proximidade com a ex-presidente Dilma Rousseff e foram convidados para ser ministros em sua gestão. Entretanto, declinaram dos convites. Procurados, os dois afirmaram que não conversaram com Lula.
Outro nome próximo de Lula é o do empresário Josué de Alencar, da Coteminas. Josué é filho de José Alencar (1931-2011), vice-presidente nos dois governos Lula.
Petistas sonhavam que Josué fosse candidato a vice-presidente em 2022, mas o empresário negou que vá se candidatar nas eleições do próximo ano.
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