Ministro evita falar em racionamento e pede 'uso consciente' de água e luz
Em meio a uma grave crise hídrica, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, pediu "uso consciente" de água e energia elétrica à população para evitar a piora da situação. A medida, segundo ele, reduzirá "consideravelmente" a pressão sobre o sistema elétrico, diminuindo também o custo da energia gerada.
O ministro, porém, evitou usar o termo "racionamento", e afirmou confiar que o Brasil vai superar este "período desafiador e transitório".
"Precisamos deixar claro que o sistema elétrico brasileiro evoluiu muito nos últimos anos", disse Albuquerque em pronunciamento transmitido em rede nacional de rádio e TV. "Hoje temos um setor elétrico robusto, que nos traz garantia do fornecimento de energia elétrica aos brasileiros."
Para aumentar nossa segurança energética, é fundamental que, além dos setores do comércio, de serviços e da indústria, a sociedade brasileira participe desse esforço, evitando desperdícios no consumo de energia elétrica. Com isso, conseguiremos minimizar os impactos no dia a dia da população.
Bento Albuquerque, em pronunciamento
O país passa pela pior estação chuvosa para as usinas hidrelétricas — principal matriz de energia brasileira — em 91 anos, o que levantou discussões sobre risco de um racionamento de energia no país, como o realizado há 20 anos, em 2001.
Antes do pronunciamento, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) assinou hoje uma MP (Medida Provisória) para adoção de "medidas emergenciais" que têm como meta evitar um apagão no Brasil. O governo criou um grupo interministerial que "estabelecerá medidas emergenciais para a otimização do uso dos recursos hidroenergéticos, a fim de garantir a continuidade e a segurança do suprimento eletroenergético no País".
No último dia 23, em audiência pública da CME (Comissão de Minas e Energia) na Câmara dos Deputados, Bento Albuquerque já havia descartado a necessidade de racionamento, mas também alertou para a importância de medidas que evitem o risco de apagão em horários de pico e a dependência do próximo período de chuvas.
Em 2020, segundo o ministro, a condição dos reservatórios era de normalidade, mas com a diminuição de chuvas entre outubro do ano passado e maio deste ano, 2021 já começou em uma situação pior. Atualmente, os reservatórios das regiões Sudeste e Centro-Oeste, responsáveis por 70% da geração de energia do país, estão com apenas 30,2% de sua capacidade.
"Se nós tivermos uma repetição das chuvas de 2020 em 2021, nós podemos chegar. Se nada for feito, há uma condição bastante desfavorável ao final desse ano, em novembro e dezembro, com os nossos reservatórios abaixo de 20%", disse Albuquerque na CME, acrescentando não ser possível comparar a crise atual com as que aconteceram em 2001 e 2014.
É importante ressaltar que a nossa capacidade instalada mais do que dobrou, saindo de 81 GW para 186 GW de 2001 para 2021. A representação da matriz hidráulica era cerca de 85%; hoje ela corresponde a 61%. A nossa matriz também se diversificou bastante, principalmente com energias renováveis.
Bento Albuquerque, em 23 de junho
Luz segue mais cara
Em meio à seca nas principais bacias hidrográficas do país, as contas de luz seguirão com bandeira tarifária vermelha patamar 2 em julho, segundo informou na sexta-feira (25) a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
A classificação prevê o maior custo adicional em momentos de menor oferta no sistema. O novo valor a ser pago pelos consumidores, porém, só será informado amanhã, quando a atualização das bandeiras será deliberada pela diretoria da Aneel.
"Em junho, as afluências nas principais bacias hidrográficas do SIN (Sistema Interligado Nacional) estiveram entre as mais críticas do histórico. Julho inicia-se com mesma perspectiva hidrológica desfavorável, com os principais reservatórios em níveis consideravelmente baixos para essa época do ano, o que sinaliza horizonte com reduzida capacidade de produção hidrelétrica e elevada necessidade de acionamento de recursos termelétricos", justificou a agência.
(Com Agência Brasil, Agência Câmara e Reuters)
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