Nota de R$ 200, criada para não faltar dinheiro, faz 1 ano e está encalhada
A nota de R$ 200 completa um ano de seu lançamento em 2 de setembro. Ela foi criada com o argumento de que havia risco de faltar dinheiro para os brasileiros, mas só 18% das cédulas produzidas estão em circulação, e 82% estão encalhadas.
O BC encomendou 450 milhões de unidades, o equivalente a R$ 90 bilhões. Entretanto, somente 79 milhões estão disponíveis para o uso dos brasileiros, totalizando R$ 15,8 bilhões. As 371 milhões de notas restantes estão armazenadas no BC. O governo gastou R$ 113,8 milhões para produzir as notas.
Quando anunciou o lançamento da nota de R$ 200, a diretora de Administração do BC, Carolina de Assis Barros, declarou que a pandemia do coronavírus exigiu um maior número de cédulas em circulação no país.
Sem uma nota de R$ 200, segundo ela, haveria o risco de falta de papel-moeda. O pagamento do auxílio emergencial levou mais pessoas a sacar dinheiro nos bancos, caixas eletrônicos, lotéricas e correspondentes bancários, o que exigiu uma ação do BC.
Ritmo de uso está de acordo com esperado, diz BC
Procurado, o BC declarou que o ritmo de utilização da cédula de R$ 200 vem evoluindo de acordo com o esperado. O BC afirmou o que fornecimento de cédulas é realizado de forma a atender a demanda da sociedade por notas.
Questionado pelo UOL se tinha planos para tirar a nota de R$ 200 de circulação, o BC se limitou a dizer que qualquer nova denominação de cédula entra em circulação de forma gradual e de acordo com a necessidade.
A cédula de R$ 200 é a sétima da família de notas do real, que tem também notas de R$ 2, R$ 5, R$ 10, R$ 20, R$ 50 e R$ 100. As notas de R$ 1 não são mais produzidas.
Nota de R$ 200 facilitaria crimes
O lançamento da nota de R$ 200 foi marcado por diversas críticas que levaram partidos políticos e entidades ligadas ao combate à corrupção a ingressar com ações na Justiça para barrar a circulação da cédula. Na primeira delas, protocolada por PSB, Podemos e Rede, a ministra Cármen Lúcia, do STF, arquivou a ação.
O argumento é que o crime prefere as notas de maior valor porque facilitam atividades ilícitas, como corrupção, sonegação fiscal, lavagem de dinheiro, ocultação e evasão de divisas, já que fica mais fácil o "armazenamento e o transporte de recursos obtidos ilegalmente e dificultando a rastreabilidade das respectivas transações".
Na decisão, a juíza informou que não foi comprovada nenhuma relação do tema com alguma violação da Constituição. Os partidos argumentavam que a nota de R$ 200 facilitaria crimes e que o Banco Central não havia apresentado nenhum estudo que justificasse a medida.
Na outra ação, associações do TCU (Tribunal de Contas da União) e entidades ligadas ao combate à corrupção pediram ao STF para interromper a emissão de novos lotes de notas de R$ 200 ou que fosse dado um prazo para o fim da circulação. O processo ainda aguarda uma decisão da magistrada.
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