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O que faz a VTCLog, empresa que entrou na mira da CPI da covid

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio

02/09/2021 18h42

A VTCLog, que entrou na mira da CPI da covid sob suspeita de pagamento de propina a políticos e servidores ligados ao Ministério da Saúde, é uma das dez empresas que fazem parte do grupo Voetur, de Brasília. Ela nega irregularidades.

Empresa de origem familiar, a Voetur foi criada em 1984 por Carlos Roberto Sá e Teresa Cristina Reis de Sá, então casados, para vender passagens aéreas. Quatros anos depois, quando eles se juntaram a um terceiro sócio, Roberto Nonato Brasil, surgiu a VTCLog.

A empresa atua na área de logística e presta serviços para o governo federal, como o armazenamento, o transporte e a distribuição de vacinas e medicamentos para o país. Segundo ela, já distribuiu mais de 210 milhões de doses de imunizantes contra a covid-19, e mais de 500 milhões de insumos como EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), além de 20 mil respiradores e cilindros de oxigênio, até 27 de agosto.

O grupo Voetur atua também no setor de viagens (lazer e negócios), tecnologia, náutica, eventos, consolidação, consórcio de viagens e táxi aéreo. Informa ter 700 funcionários, além de representantes espalhados pelo país.

150 veículos e 2.000 empregados

A VTCLog informa ter hoje tem mais de 2.000 empregados. Atua com frota própria de 150 veículos, certificada pela Anvisa, para transportes rodoviário, aéreo, marítimo e fluvial. Veículos como caminhões são refrigerados e equipados com baús isotérmicos, monitorados 24 horas e em tempo real.

Presente em Brasília, Guarulhos (SP), Recife e Rio de Janeiro, a empresa tem um centro de distribuição com 45 mil metros quadrados e a maior câmara fria de fármacos da América Latina.

As câmaras frias da empresa funcionam com temperaturas de 2 ºC a 8 ºC; -35 ºC e -2 ºC, -35 ºC e ultrafreezers a -70 ºC.

Substituiu estatal extinta

Em 2018, assumiu o lugar de um antigo órgão do Ministério da Saúde, a Cenadi (Central Nacional de Armazenagem e Distribuição de Imunobiológicos), até então responsável pela distribuição de insumos.

Sob a justificativa de reduzir gastos, a Cenadi foi extinta. Em licitação, a VTCLog foi a segunda colocada, mas acabou assumindo o contrato após a primeira empresa ficar inabilitada.

Contratos com vários ministérios desde 2008

De acordo com o Portal da Transparência, a VTCLog teve diferentes contratos com o governo federal desde 2008.

Além do contrato com o Ministério da Saúde, firmado em 2018, para armazenamento e distribuição de insumos, que fica em vigência até 2023, a empresa tem acordo com o Ministério da Defesa para transporte rodoviário e aéreo municipal e interestadual de medicamentos. A previsão de término é para outubro deste ano. Até junho, também estava em vigor um contrato firmado com o Ministério da Educação.

A maior parte dos contratos foi firmada com o Ministério da Saúde, mas a empresa também já atendeu o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (2019), o antigo Ministério das Comunicações (2017), Ministério da Economia (2012), entre outros.

Hoje, a empresa também presta serviço para o Instituto Butantan. No setor privado, tem a Pfizer como cliente.

Em 2004, o grupo Voetur foi alvo do Ministério Público Federal por suspeita de superfaturamento envolvendo o Ministério da Saúde. Na época, o valor dos serviços era de R$ 120 milhões.

Alvo da CPI

Hoje, a empresa está no centro da CPI da covid, que apura movimentação suspeita da empresa no valor de R$ 117 milhões, desde 2019. A comissão investiga se houve pagamento de propina a integrantes do governo.

A suspeita é que quantias tenham sido pagas usando o motoboy da VTCLog, Ivanildo Gonçalves, que trabalha há 12 anos na companhia. Ele teria movimentado mais de R$ 4,7 milhões por meio de saques e pagamentos. A comissão apura se ele pagou boletos pessoais do ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias. A VTLog nega irregularidades.