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'Corretor das celebridades' é suspeito de atuar com 'faraó dos bitcoins'

Michael de Souza Magno, segundo a polícia, é "corretor das celebridades" - Reprodução/Instagram
Michael de Souza Magno, segundo a polícia, é "corretor das celebridades" Imagem: Reprodução/Instagram

Tatiana Campbell

Colaboração para o UOL, no Rio

09/09/2021 13h50Atualizada em 10/09/2021 08h41

O corretor de investimentos Michael de Souza Magno, conhecido como "corretor das celebridades", é um dos alvos da Operação Kryptos, deflagrada hoje pela PF (Polícia Federal). Ele é investigado por suposta participação em um esquema bilionário através de pirâmide financeira, que levou à prisão, no mês passado, de Glaidson Acácio dos Santos, conhecido como "faraó dos bitcoins". Foi expedido um mandado de prisão, porém Michael não foi localizado no endereço e já é considerado foragido.

Magno é apontado como um dos principais operadores financeiros da G.A.S Consultoria Bitcoin —empresa investigada por oferecer rápidos lucros de maneira ilegal. As investigações da PF colocam o suspeito como um dos grandes nomes da organização criminosa.

Nas redes sociais e em seu site, o "corretor das celebridades" aparece ao lado de diversos artistas, entre eles, o ator Bruno Gagliasso para quem, segundo ele, já teria vendido imóveis. "Amigo, cliente, gente finíssima, sempre presente. Forte Abraço", escreveu no site da empresa Magno Real Estate.

corretor - Reprodução - Reprodução
Michael de Souza Magno com Jonathan Costa em foto de seu site
Imagem: Reprodução

Quem também foi cliente de Michael Magno foi o músico Jonathan Costa. "DJ que abala por onde passa, amigo e cliente", disse em uma publicação de 2017. O corretor aparece também ao lado de Marieta Severo, Marcos Pasquim, Eri Johnson e também posando com atletas como Ronaldinho Gaúcho. As publicações mostram que, com estes famosos, a relação era como fã.

Após a operação de hoje, tanto os perfis de Michael quanto da empresa de imóveis foram fechadas. No site, o corretor diz que a Magno Empreendimentos Imobiliários funciona há 27 anos.

Apesar dos bons relacionamentos e de aparentar uma vida de luxo - aparecendo em uma foto com um helicóptero ao fundo - a Receita Federal detectou que, a partir de 2017, Michael Magno começou a ter uma movimentação financeiro muito maior que a habitual.

"Em 2021, declarou bens e rendimentos tributáveis de R$ 32.700, além de um patrimônio de pouco mais de R$ 293 mil. Apesar disso, desde 2017, seu patrimônio e seu padrão de vida aumentaram bastante, o que leva a RFB [Receita Federal do Brasil] a apontá-lo como provável sonegador contumaz", trecho do relatório da operação Kryptos.

O documento aponta ainda que, entre novembro de 2020 e fevereiro de 2021, Michael Magno movimentou mais de R$ 9,6 milhões em uma única conta-corrente. Ainda segundo o relatório, foi possível identificar "indícios de lavagem de ativos e de movimentação de recursos de alto valor, de forma contumaz, em benefício de terceiros, incompatível com sua capacidade financeira declarada".

Uma escuta telefônica, autorizada pela Justiça, mostrou ainda que Michael Magno teria mostrado apreensão com uma possível fuga de Glaidson.

"Já era pra ter ido embora, cara, pra 'tá' bem longe daqui. Aí fica no Rio, fica indo em resenha, fica indo não sei aonde, vai pra festa", falou o corretor.

Na época da prisão, a defesa do ex-pastor negou que ele tivesse intenção de fugir do país e que na verdade Glaidson iria para um evento da G.A.S Consultoria na República Dominicana.

O UOL tenta contato com a assessoria de Bruno Gagliasso bem como a defesa de Michael Magno. A empresária de Jonathan Costa, Carolina Santos, conversou com a reportagem.

"Fomos pegos de surpresa. O JonJon conhecia sim o Magno, mas acreditamos na Justiça. Se realmente ele tiver cometido algum crime que pague por isso, se não que tudo seja esclarecido o mais breve possível. Não temos vínculo com ele [Michael Magno]".

Operação Kryptos

Esta é a segunda fase da Operação Kryptos, que conta com o apoio da Receita Federal e que investiga a prática ilegal de pirâmide financeira.

Segundo a Receita Federal, a empresa localizada na Região dos Lagos fluminense atua como se fosse um fundo de investimento, em que o investidor adquire uma quantia determinada de cotas e recebe rendimentos fixos.

Como em um mercado volátil como o das criptomoedas (que incluem os bitcoins), não é sustentável prometer uma rentabilidade fixa aos investidores, a empresa recorreria a uma pirâmide financeira.

A pirâmide é um esquema ilegal em que o lucro é gerado pelo aporte de novos clientes e não pela natureza lucrativa das operações. E, para evitar o colapso do sistema, é preciso continuar expandindo a rede de clientes.

O esquema gera enriquecimento dos mentores da pirâmide que, segundo a Receita, não declaram seus lucros ao fisco.