Ex-presidente do BC diz que aumento do IOF é 'ruim e dificulta crescimento'
O ex-presidente do BC (Banco Central) Ilan Goldfajn criticou hoje o aumento do IOF (Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários), assinado na quinta-feira (16) pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Ele classificou a medida como "ruim e ineficiente". O economista presidiu o BC entre 2016 e 2019, no governo Michel Temer.
Bolsonaro subiu o imposto temporariamente, até o final do ano, para bancar o Auxílio Brasil, substituto do Bolsa Família. A medida provisória que criou o Auxílio Brasil, porém, não informa qual será o novo valor do benefício.
Em entrevista à Globonews, Goldfajn disse que não falta dinheiro para o programa, mas que é necessário "arrumar a casa".
"Não falta dinheiro para Bolsa Família. A quantidade de dinheiro [necessária] para o Bolsa Família é pequena dentro do Orçamento. Precisamos saber fazer as escolhas. Pense na quantidade de impostos [que temos] na carga tributária que todos nós pagamos, não é pouco. Precisamos, estruturalmente, arrumar a casa. Não adianta fazer várias despesas em ano eleitoral e depois faltar dinheiro para as coisas básicas", disse.
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) editou um decreto ontem para alterar as alíquotas do imposto, relacionados às operações de crédito para pessoas jurídicas e físicas. As novas alíquotas valerão no período entre 20 de setembro de 2021 e 31 de dezembro de 2021.
'Solução ruim, ineficiente e que dificulta crescimento'
Goldfajn, que preside o conselho do banco Credit Suisse no Brasil e que foi recentemente nomeado diretor para o Departamento do Hemisfério Ocidental do FMI (Fundo Monetário Internacional), disse o que o imposto é "muito parecido" com a CPMF e torna os juros cobrados das pessoas mais caros.
"Tivemos um esforço enorme nos últimos anos de tentar reduzir os juros ao consumidor, os juros do crédito. Esse é um processo longo, e agora estamos começando a ter um revés. E ele vem porque nós não conseguimos controlar o crédito, temos várias despesas, temos várias despesas eleitorais e, para isso, a gente acaba precisando elevar os impostos como está sendo feito com o IOF. A solução é ruim, é ineficiente, vai dificultar o crescimento", avaliou.
O Ministério da Economia informou que, para pessoas físicas, a alíquota anual vai subir de 3% para 4,08%, enquanto para empresas (pessoa jurídica) a alíquota anual vai de 1,5% para 2,04%.
A expectativa do governo é que a medida gere um aumento de arrecadação estimado em R$ 2,14 bilhões.
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