Cheque especial, rotativo do cartão: o que fica mais caro com alta do IOF
O aumento temporário do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), anunciado em 16 de setembro pelo governo federal, entrou em vigor nesta emana e tem duração prevista até 31 de dezembro. O objetivo é arrecadar R$ 2,14 bilhões para custear o Auxílio Brasil —versão reformulada do Bolsa Família.
Vale lembrar que o IOF voltou a ser cobrado a partir de 1º de janeiro de 2021. Por causa da pandemia de covid-19, o imposto foi zerado entre abril e dezembro do ano passado. Com o aumento da alíquota, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) quebra a promessa que fez em outubro do ano passado, de que não haveria aumento de impostos.
Para pessoas físicas, a taxa anual salta de 3% para 4,08%. Para pessoas jurídicas, o aumento da taxa foi de 1,5% para 2,04%.
"Parece pouca coisa, mas é um aumento relevante. Aumento de carga tributária é sempre prejudicial à retomada na economia. É uma medida ruim, uma solução ineficiente do ponto de vista de arrecadação. É como se você tivesse tomando o dinheiro do endividado para repassar para esse programa de auxílio. Você faz com que uma parcela da população arque com esse custo, o que não parece ser justo", afirma Alexandre Gonçales, sócio e responsável pelo segmento corporate da B.Side Investimentos.
Mas o que isso muda na prática para o bolso do brasileiro?
O que muda com o aumento do IOF?
Ficam mais caras para o consumidor brasileiro as operações envolvendo crédito. O IOF diário de cheque especial, rotativo do cartão de crédito, crédito pessoal, empréstimos e financiamento de veículos são algumas das operações que afetarão diretamente pessoas físicas.
Para empresas, capital de giro e antecipação de recebíveis, além de empréstimos, são modalidades que serão afetadas com a nova alíquota.
Veja abaixo uma simulação de empréstimo bancário com a tarifa nova de IOF. O valor do empréstimo é de R$ 1.000, a ser pago em 30 dias. O cálculo não considera os juros, que dependem de cada instituição financeira.
- Valor do empréstimo: R$ 1.000
- IOF fixo (0,38%, não mudou): R$ 3,80
- IOF diário com IOF antigo: R$ 2,46 (R$ 1.000 vezes 0,0082% vezes 30 dias)
- IOF diário com IOF novo: R$ 3,35 (R$ 1.000 vezes 0,01118% vezes 30 dias)
O que não foi impactado pelo reajuste do IOF?
O reajuste iniciado em 20 de setembro afeta somente as operações de crédito para pessoas físicas e jurídicas.
Câmbio, seguro ou operações relativas a títulos ou valores mobiliários, operações em que também há cobrança de IOF, não terão incidência das novas alíquotas.
Aumento temporário pode elevar outras taxas, como a Selic?
Não há relação direta entre as duas taxas. Porém, especialistas do mercado financeiro consultados pelo UOL acreditam que não haverá aumento na taxa de juros.
"É possível que o aumento do IOF acabe freando momentaneamente o aumento da Selic. Afinal de contas, o principal objetivo do Banco Central nos últimos meses tem sido conter a inflação, elevando a taxa de juros. Mas como o IOF já faz com que o crédito fique mais caro, novos reajustes podem se tornar desnecessários", afirma Gustavo Dias, planejador financeiro e sócio da Duoo Finanças.
"O aumento vai inibir o consumidor de tomar novas linhas de crédito e fazer com que pare de consumir, o que deve segurar um pouco a inflação", declara Gustavo Gomiero, head da mesa de câmbio e operações PJ, da Wise Investimentos.
Os produtos podem ficar mais baratos?
Não necessariamente, na opinião de Alexandre Gonçales, da B.Side Investimentos. "À medida que se encarece o custo, ainda mais para as empresas, isso pode ser repassado para o consumidor final."
Dias, da Duoo Finanças, concorda: "Muitas empresas sofreram com a pandemia e ainda dependem de crédito para manter as suas operações. Com o aumento do imposto, o preço ao consumidor final pode ficar mais alto, assim como a taxa de desemprego, o que seria desfavorável à economia em geral."
Como se "blindar" do aumento do IOF?
Em resumo, evitando práticas financeiras danosas, como entrar no cheque especial e rotativo de cartão de crédito.
"Tem de se programar para tomar empréstimos só no ano que vem, quando acaba o aumento temporário. Ou, então, ir atrás de linhas de crédito que não têm IOF, como um financiamento imobiliário", afirma Gustavo Gomiero.
"O ideal é fazer um bom controle do orçamento e se preocupar com a construção e manutenção da reserva de emergência. Assim, se evita ao máximo a necessidade de pegar qualquer tipo de crédito, mesmo diante dos imprevistos", afirmou Gustavo Dias.
"É o momento de disciplina e de postergar tudo aquilo que tiver de gastos no orçamento familiar. No fim do dia, a conta acaba saindo cara. Evitar gastos desnecessários", diz Gonçales.
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