Cientista político: Guedes não cai por offshore, só se abandonar o Centrão
A última semana no ministério da Economia foi marcada pela revelação de que o ministro à frente da pasta, Paulo Guedes, possui uma offshore, ou seja, uma conta bancária fora do país e em paraíso fiscal. Apesar da oposição ter conseguido aprovar a condução dele à Câmara para prestar esclarecimentos, o cientista político do Mackenzie Rodrigo Prando acha difícil isso motivar a queda do ministro.
"Se por acaso Guedes cair, não vai ser por offshore, mas porque não liberou o que Centrão deseja. A lealdade deles é aos cargos, recursos, poder simbólico de estar em palanque com o presidente", disse ao UOL News.
Além disso, Prando falou que o caso remonta a modelos políticos que deveriam estar ultrapassados e que costumavam ser alvos de ataques do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). "A velha política, tão criticada nesses últimos anos, está hoje no bojo do governo", explicou.
Em um evento hoje, Guedes voltou a dizer que não fez nada ilegal. "Declarei tudo. É permitido, é legal, não fiz nada de errado. O dinheiro está sob gestores independentes e jurisdições sobre as quais não tenho influência", garantiu.
Saí da companhia dias antes de vir para cá (governo). Dei todos os documentos ... O resto é só barulho, barulho, barulho. E acho que vai ficar pior à medida que nos aproximamos das eleições".
Paulo Guedes
Parlamentares de oposição ao atual governo suspeitam, principalmente, de que haja um conflito de interesses no caso da offshore de Guedes. Outros sinalizam que a conta bancária no exterior revela que o ministro não confia na própria gestão econômica.
Revelação de offshore
As informações sobre a offshore de Guedes foram obtidas pelo projeto "Pandora Papers", do ICIJ (Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos), cujos parceiros no Brasil são a revista Piauí e o site Poder360. O vazamento também apontou uma empresa no exterior em nome do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
Segundo os "Pandora Papers", Guedes possui desde 2014 uma offshore de nome Dreadnoughts International. O ministro da Economia depositou US$ 9,54 milhões (mais de R$ 51,8 milhões, na cotação atual) na conta da offshore, em uma agência do banco Crédit Suisse em Nova York.
A abertura de uma empresa no exterior não é ilegal, desde que seja declarada à Receita Federal. Também precisa ser declarada ao Banco Central, caso os ativos da empresa ultrapassem US$ 1 milhão.
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