Caminhoneiros suspendem o transporte de combustível no RJ e MG
Caminhoneiros que transportam combustíveis pararam em pelo menos dois estados hoje. Em protesto pelo preço do diesel e do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), os serviços foram suspensos no Rio de Janeiro e em Minas Gerais.
Na região de Campos Elíseos, no município de Duque de Caxias (RJ), os motoristas estão bloqueando o acesso de outros caminhões a bases de abastecimento. Já em Minas, todos os tanqueiros suspenderam as atividades e alguns deles estão concentrados na região da Refinaria Gabriel Passos, em Betim.
A informação foi repassada pelo Sindcomb (Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis, Lubrificantes e de Lojas de Conveniência do Município do Rio de Janeiro), que atende aos interesses dos distribuidores de combustível na capital fluminense.
De acordo com a entidade, os manifestantes estão bloqueando o acesso às bases não para protestar contra as distribuidoras, mas, sim, contra a alta no preço do diesel e contra a política de preços da Petrobras, atrelada às variações do mercado internacional.
A Polícia Militar do Rio de Janeiro disse que está com agentes no local acompanhando o bloqueio dos caminhoneiros, que ocorre "de forma pacífica" e sem registro de prisões ou apreensões.
Por volta do 12h30 (horário de Brasília) de hoje, de acordo com o Sindcomb, caminhões-tanque que visavam "exclusivamente" carregar combustível para empresas que operam linhas de ônibus municipais puderam entrar, com escolta da PM do RJ, nas bases de abastecimento.
Quinta-feira é, em geral, o dia em que caminhões-tanque chegam para coletar combustíveis nas bases para, em seguida, abastecer as bombas dos postos para o fim de semana.
No sindicato patronal, há a expectativa de que a situação se resolva rapidamente e não se estenda até o fim do dia, para que não ocorram problemas de abastecimento nos postos da capital fluminense.
A região onde ocorre o bloqueio conta com bases das principais distribuidoras do país, como as da Vibra (antiga BR Distribuidora), da Raízen (administrada pela Shell e a Cosan), do Ipiranga e do grupo Ultra, além de sediar uma refinaria da Petrobras.
As bases "fecharam as portas para evitar tumulto e depredações", segundo a entidade. "Os postos do Rio seguem aguardando a normalização das entregas para poderem atender a sua clientela até o fim de semana", afirmou.
O UOL busca contato com lideranças, apoiadores e manifestantes envolvidos no protesto. O espaço segue aberto para manifestações dos caminhoneiros.
Tanqueiros fazem greve contra valor do ICMS em Minas Gerais
Em Minas Gerais, transportadores de combustíveis e de derivados de petróleo suspenderam as atividades hoje. De acordo com o Sindtanque-MG (Sindicato das Empresas Transportadoras de Combustíveis e Derivados de Petróleo do Estado de Minas Gerais), todos os 800 caminhões estão parados.
"Cem por cento da categoria de transportadores de combustíveis e derivados de petróleo do estado de Minas Gerais amanheceu hoje com os braços cruzados. Pois nós não aguentamos mais as altas dos combustíveis", disse o presidente do sindicato que representa a categoria, Irani Gomes.
Gomes argumenta que o óleo diesel representa, atualmente, quase 70% do valor do frete e que as "transportadoras estão quebrando". Ele também reclama do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) dos combustíveis no estado, além de ressaltar os custos dos combustíveis da Petrobras.
O representante da categoria diz, ainda, que "o governo não está se preocupando com essa categoria que hoje carrega mais de um terço da economia do estado". Procurado pelo UOL, o governo do Estado de Minas Gerais, informou, por meio de nota, que os últimos reajustes nos valores dos combustíveis "não se devem ao ICMS cobrado pelos estados" e, sim, à política de preços adotada pela Petrobras.
A Secretaria de Estado de Fazenda também ressaltou a posição contrária ao projeto aprovado pela Câmara, que estabelece um valor fixo para o imposto dos combustíveis em todo o país. De acordo com a pasta, somente em Minas, a perda estimada é de R$ 3,6 bilhões por ano.
Dede a madrugada, os transportadores estão concentrados nas portarias da BR Distribuidora, ao lado da Refinaria Gabriel Passos, em Betim, na região Metropolitana de Belo Horizonte. Os caminhoneiros também estacionaram em frente as principais distribuidoras de combustíveis da cidade.
Ajuda sem explicação
Hoje, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse que pretende pagar um auxílio a 750 mil caminhoneiros autônomos como forma de compensar o aumento no preço do diesel, mas não disse como colocará em prática a medida.
A medida vem em um contexto em que caminhoneiros estão prometendo paralisações para 1º de novembro caso o governo federal não encontre uma maneira de abaixar o preço do diesel nas bombas.
Nos bastidores do governo federal, porém, as promessas de greve são vistas como ameaças que não serão cumpridas — ou seja: que as paralisações não contarão com forte adesão da classe dos caminhoneiros.
* Com informações de Marta Nogueira, da Reuters
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