Presidente da Caixa nega privilégio a Michelle e se diz contra privatização
O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, disse que "não houve privilégio a ninguém" ao ser questionado, em entrevista à revista Veja, sobre um suposto favorecimento a empresas de amigos da primeira-dama Michelle Bolsonaro na busca por créditos de programas emergenciais durante a pandemia do novo coronavírus. Ele ainda reafirmou sua posição contrária a uma possível privatização do banco.
Reportagem da revista Crusoé, publicada no começo deste mês, publicou documentos que indicavam que Michelle tratou diretamente com Pedro Guimarães sobre empréstimos. Uma lista com pessoas próximas a ela, como a dona de uma rede de confeitarias de Brasília, chegou a ser feita para a obtenção do crédito, de acordo com a revista.
"Todas as operações na Caixa, de micros e pequenas empresas, são feitas e avaliadas de maneira automática, sem nenhum envolvimento de gestor. Portanto, não houve privilégio algum a ninguém. Essas operações são todas independentes, com aval anterior da Receita Federal e sem nenhuma possibilidade de ingerência administrativa ou política", disse Pedro Guimarães.
Os integrantes da lista aprovados foram enquadrados no Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte) e não há indícios de que os valores liberados extrapolassem os limites previstos pela lei.
Porém, diz a revista, o processo para obtenção de crédito contrariou o fluxo normal, recebendo uma espécie de "tratamento vip". Além da confeiteira, a lista tinha uma empresa com duas lojas em Brasília que já teria sido promovida pela primeira-dama e outras marcas que fazem parte do que a revista chama de um "círculo pequeno de gente bem relacionada" e de indicados por eles.
A Procuradoria da República no Distrito Federal comunicou que iria investigar o caso. Segundo a Crusoé, uma apuração interna chegou a ser feita pela Caixa, mas o banco não se pronunciou oficialmente sobre as conclusões. Michelle Bolsonaro não se manifestou sobre o assunto.
"Caixa cumpre papel social"
Na entrevista à Veja, Pedro Guimarães ainda disse que seu período como presidente da Caixa fez ele consolidar sua posição contrária à privatização da empresa. No passado, ele era um defensor de privatizações em todas as áreas, mas em relação à Caixa disse que sempre teve uma dúvida teórica.
"Em 2003, quando defendi minha tese de doutorado sobre as privatizações, minha visão era a de que não havia motivos para empresas prestadoras de serviço serem controladas pelo Estado. Com relação à Caixa, sempre tive uma dúvida teórica. Hoje não tenho mais: a Caixa cumpre um papel social de gestão", disse.
Ao assumir o cargo em janeiro de 2019, Pedro Guimarães já havia descartado a privatização da Caixa. Apesar de ter uma agenda de privatizações, o Governo Bolsonaro sempre deixou o banco fora da lista de empresas que poderiam ser negociadas com a iniciativa privada.
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