Produtores de soja acusam UE de protecionismo: 'Brasil não é mais colônia'
A Aprosoja (Associação Brasileira dos Produtores de Soja) divulgou nota nesta terça-feira (23) em que afirma que possíveis restrições da UE (União Europeia) a produtos que podem estar ligados ao desmatamento ilegal são "protecionismo comercial disfarçado de preocupação ambiental". A entidade também afirma que a iniciativa é "uma afronta à soberania nacional", já que coloca ações de uso do solo permitidos em lei "na mesma vala do desmatamento ilegal", e que a Europa "não é mais dona do mundo", nem o Brasil é colônia.
Na semana passada, a Comissão Europeia propôs proibir a importação de produtos do agronegócio considerados "fortemente ligados" ao desmatamento. Estão na lista commodities como soja e carne bovina, carros-chefe das exportações brasileiras. A ideia é obrigar exportadores a garantir que os produtos são livres de desmatamento e legais.
Na segunda-feira (22), ministros do governo Jair Bolsonaro (sem partido) criticaram a proposta. O ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, afirmou que a iniciativa é "inaceitável e inadmissível". Segundo ele e a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, trata-se de uma tentativa de "protecionismo climático".
'União Europeia não é mais dona do mundo'
A Aprosoja diz que "trabalha há décadas" para que os europeus aceitem o Código Florestal, aprovado em 2012, "como regra suficiente para a preservação ambiental". Afirma ainda que o governo federal tem implementado "medidas de controle e de melhoria da gestão" para combater o desmatamento ilegal.
Se isso não é suficiente, podemos concluir que as intenções da União Europeia não dizem respeito à preservação ambiental, mas, sim a uma tentativa de exercer barreiras comerciais contra produtores de alimentos do Brasil para proteger agricultores daqueles países.
Aprosoja
A entidade também diz que a tentativa de restrição "trará impacto não somente para os brasileiros, mas também aos países que são abastecidos pelo Brasil".
A União Europeia precisa entender que não é mais a metrópole do mundo (dona) e que o Brasil e demais países da América do Sul deixaram de ser suas colônias. Se os europeus estão preocupados com nossas florestas, eles poderiam aproveitar a qualidade de suas terras para replantar também as suas florestas e instituir como aqui a reserva legal e as áreas de proteção permanente dentro das propriedades rurais. Respeitem a nossa soberania!
Aprosoja
Desmatamento bate recorde
Dados divulgados pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) apontam que, entre agosto de 2020 e julho de 2021, o desmatamento da Amazônia subiu 21,97% na comparação com o ano anterior. Foram 13.235 km² de área desmatada —a maior registrada desde 2006, segundo o Observatório do Clima. Foi a primeira vez desde o início das medições, em 1998, em que a devastação subiu por quatro anos seguidos.
A data oficial da nota produzida pelo Inpe indica que o governo já sabia da taxa de desmatamento antes da COP26, conferência com líderes mundiais sobre a emergência climática realizada em Glasgow, na Escócia, no início de novembro. Na ocasião, Bolsonaro disse que o Brasil "sempre foi parte da solução, não do problema" das mudanças climáticas.
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