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No BBB, não é só o R$ 1,5 mi: com o que mais os participantes lucram?

Participação no reality show abre oportunidades de faturar com propaganda, mesmo para famosos, como Jade Picon (foto) - Reprodução Instagram
Participação no reality show abre oportunidades de faturar com propaganda, mesmo para famosos, como Jade Picon (foto) Imagem: Reprodução Instagram

Vinícius de Oliveira

Colaboração para o UOL, em São Paulo

03/02/2022 04h00

Apesar de ser um dos atrativos do BBB, o prêmio de R$ 1,5 milhão oferecido ao vencedor não é único chamariz para os participantes que se confinam no reality show. Enquanto os anônimos da Pipoca entram no jogo para ganhar público, tornando-se assim influenciadores digitais, os famosos do Camarote visam ampliar seu alcance e, consequentemente, as oportunidades publicitárias.

A dica foi dada pela cantora Anitta, no Twitter. "R$ 1,5 milhão não tem mais o valor de compra de antigamente. Ninguém tá contando com o dinheiro do prêmio. Tá contando com as oportunidades aqui fora; Logo, não quer ser odiado", escreveu a cantora para explicar o clima mais "paz e amor" do início da edição deste ano.

Precisa saber gerenciar a grande audiência

Mas, fora da casa, como os participantes podem transformar a fama momentânea em dinheiro? Mari Campos, diretora artística da agência de influenciadores Mynd, a maior parte da receita vem de contratos de publicidade. "Por isso, é importante saber gerenciar a grande audiência conquistada e o interesse do público em querer continuar acompanhando a vida do participante quando está fora da casa", diz.

A Mynd agencia a carreira de ex-BBBs como Babu Santana, Flay, Camilla de Lucas, Fernanda Keula, Gil do Vigor, Gleici Damasceno, João Luiz, Thaís Braz e Thelma Assis.

Gil do Vigor ganhou dez vezes o valor do prêmio

O economista Gil do Vigor, que ficou em quarto lugar no BBB 21, é um exemplo de quem conquistou mais fora da casa do que dentro do reality. No final de 2021, ele revelou que já havia conquistado dez vezes o valor do prêmio em contratos publicitários com empresas como Santander, Motorola, Boticário, iFood, Lacta e Vigor.

Eliminada na primeira semana da mesma edição, Kerline Cardoso também conseguiu ficar milionária sem vencer o BBB. Apesar de eliminada com 83,5% dos votos, a sister se reposicionou no mercado e, com ajuda de uma rede de contatos, atraiu público para suas redes sociais. Em entrevista ao Notícias da TV, a participante declarou já ter mais de R$ 1 milhão na conta bancária.

É possível, mas não é tão fácil

"É superpossível alcançar o prêmio fora da casa, mas também não é tão fácil. Cada participante tem uma história dentro do reality, uma reação da audiência. Alguns saem bem posicionados, com engajamento do público e as marcas entendendo que o conteúdo é relevante e tem sinergia", afirma Fernanda Abreu, head de licenciamento da Endemol Shine Brasil.

A Endemol é a produtora responsável por reality shows como MasterChef Brasil (Band), Casamento às Cegas (Netflix) e também o próprio Big Brother Brasil. Vendo o potencial dos participantes após os programas, a empresa passou a orientar e participar de perto da vida deles como influenciadores digitais.

Atualmente, a produtora faz o agenciamento de Dayanne Feitoza, Fernanda Terra, Mackdavid, Luana Braga, Lissio Fiod, Rodrigo Vaisemberg e Shayan — todos ex-participantes do reality Casamento às Cegas. Alguns deles já desenvolveram ações publicitárias com Riachuelo, Mercado Pago, Netflix, Americanas e Koleston.

"Por causa da notoriedade da mídia e do programa, as empresas desejam se aproximar dessas pessoas para anunciar nas redes sociais. O problema é que você entrar em um reality show não é garantia de que isso vai acontecer. Realities contam histórias e você pode sair como um vilão ou com o filme queimado", afirma Caio Romano, CEO da Mení.

"Mas você não precisa ganhar um reality show para sair famoso dele. A Jiang Pu teve uma vida comercial ótima após o MasterChef e ela foi a terceira colocada da segunda edição. O Mohamad Hindi também, e hoje é um ótimo comunicador e influenciador gastronômico. A cada edição, sempre há finalistas e o personagem mais popular", declara.

Precisa ter muitos seguidores e imagem positiva

Para ganhar dinheiro com publicidade fora do reality show, os ex-participantes precisam ficar de olho em três métricas: alto engajamento, grande alcance e imagem positiva. "Quando um participante é bem querido e está sempre nas trends, ele terá grandes chances de ser cotado para ações publicitárias", diz Mari Campos, da Mynd.

"Há participantes que conseguem fechar campanhas enquanto estão confinados na casa e outros que começam a vender apenas quando saem. Mas, no geral, do início do programa até o início da próxima edição, há muitas cotações e movimentações de marcas no mercado", afirma.

Quais são os valores pagos?

Os valores de cada publicidade variam, mas Juliette Freire, campeã do BBB 21, e Gil do Vigor teriam cobrado R$ 120 mil por uma sequência de três stories. Logo atrás, vinha Camilla de Lucas, que teria ganho R$ 80 mil.

Caio Romano, da Mení, afirma que os valores dos ex-participantes do Big Brother Brasil são grandiosos devido ao alcance e ao engajamento que eles possuem no Instagram.

"No nosso caso, um cozinheiro com 1 milhão de seguidores consegue vender uma foto no feed por R$ 12 mil a R$ 15 mil. Sequências de stories ficam entre R$ 7.000 e R$ 10 mil", afirma.

No mercado gastronômico de influenciadores digitais, há uma particularidade: vídeos de receita costumam ser os mais caros, porque precisam de melhor produção. Por isso, para fazer uma publicidade exibida no IGTV, as marcas podem ter que desembolsar até R$ 45 mil para um cozinheiro com 1 milhão de seguidores.

Além das redes sociais

Para tentar prolongar os 15 minutos de fama, os ex-participantes de reality show precisam se envolver em outras frentes de trabalho. Muitos deles investem no mercado do entretenimento, se tornando apresentadores ou até mesmo atores.

"Focar no lado empreendedor, com linhas próprias de produtos, pegando carona na fama e na grande quantidade de seguidores, também pode ser uma ótima forma de aproveitar esse momento perfeito para vender", afirma Mari Campos.

Antes da pandemia, era comum também a presença VIP em eventos corporativos e festas. Quem tem outras aptidões pode apostar nos seus talentos para impressionar o mercado publicitário — como já fazem os influenciadores de gastronomia.

"Temos eventos culinários como aulas-show e eventos corporativos, em que o cozinheiro pode ensinar uma receita para clientes da empresa ou para os funcionários", afirma Caio Romano.