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Valor médio da cesta básica comprometeu 55% do salário mínimo em janeiro

Em São Paulo, que tem a cesta básica mais cara do país, valor corresponde a 58,9% do salário mínimo - iStock
Em São Paulo, que tem a cesta básica mais cara do país, valor corresponde a 58,9% do salário mínimo Imagem: iStock

Anaís Motta

Do UOL, em São Paulo

07/02/2022 17h01Atualizada em 07/02/2022 17h01

Os trabalhadores que ganham um salário mínimo (R$ 1.212) comprometeram mais da metade (55,2%) de seu rendimento mensal líquido com o valor médio da cesta básica em janeiro, segundo cálculos do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) feitos em 17 capitais. O cálculo foi feito após o desconto de 7,5% da contribuição ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).

Em dezembro de 2021, quando o piso nacional ainda era de R$ 1.100, esse percentual foi um pouco maior, de 58,91%.

São Paulo é a capital com a cesta básica mais cara do Brasil, valendo R$ 713,66, em média — o que corresponde a 58,9% do salário mínimo atual. Depois, aparecem Florianópolis (R$ 695,59 — 57,4%) e Rio de Janeiro (R$ 692,83 — R$ 57,2%). (Veja ranking completo abaixo)

  • São Paulo: R$ 713,86 (58,9% do salário mínimo);
  • Florianópolis: R$ 695,59 (57,4%);
  • Rio de Janeiro: R$ 692,83 (57,2%);
  • Vitória: R$ 677,54 (55,9%);
  • Porto Alegre: R$ 673 (55,5%);
  • Brasília: R$ 661,09 (54,5%);
  • Campo Grande: R$ 660,11 (54,5%);
  • Curitiba: R$ 636,57 (52,5%);
  • Belo Horizonte: R$ 632,83 (52,2%);
  • Goiânia: R$ 624,91 (51,6%);
  • Fortaleza: R$ 607,35 (50,1%);
  • Belém: R$ 563,97 (46,5%);
  • Natal: R$ 551,06 (45,5%);
  • Recife: R$ 543,10 (44,8%);
  • Salvador: R$ 540,01 (44,6%);
  • João Pessoa: R$ 538,65 (44,4%);
  • Aracaju: R$ 507,82 (41,9%).

O Dieese ainda calcula que, em janeiro de 2022, o tempo de trabalho médio necessário para uma pessoa conseguir comprar os produtos da cesta básica foi de 112 horas e 20 minutos — período menor do que o estimado em dezembro de 2021 (119 horas e 53 minutos). Em relação a um ano atrás, porém, houve aumento: em janeiro de 2021, a média era de 111 horas e 46 minutos.

Salário mínimo ideal

Com base na cesta básica mais cara — que, em janeiro, foi a de São Paulo —, o Dieese ainda projeta que o salário mínimo necessário para manter uma família de quatro pessoas deveria ter sido de R$ 5.997,14 no mês passado, o suficiente para suprir as despesas com alimentação, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e Previdência Social, como determina a Constituição.

Esse valor, porém, corresponde a 4,95 vezes o salário mínimo atual, de R$ 1.212. Se comparado à renda média do trabalhador brasileiro, que em outubro de 2021 estava em R$ 2.449, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a diferença é de 2,44 vezes.

Auxílio insuficiente

O Auxílio Brasil ajuda, mas sozinho não é suficiente para comprar uma cesta básica em nenhuma das 17 capitais analisadas pelo Dieese em janeiro deste ano. A cesta mais barata do país é encontrada em Aracaju, por R$ 507,82 — valor 24,6% maior que o benefício médio de R$ 407,54 pago pelo governo federal, segundo o Ministério da Cidadania.

Já a cesta básica mais cara, de São Paulo (R$ 713,86), é mais de 75% maior que o valor do Auxílio Brasil.

Até o mês passado, 17,5 milhões de famílias estavam cadastradas para receber o Auxílio Brasil, segundo o Ministério da Cidadania. A maior parte (8,3 milhões) está na Região Nordeste, à frente de Sudeste (5 milhões), Norte (2,1 milhões), Sul (1,1 milhão) e Centro-Oeste (893 mil). Com a inclusão de mais 3 milhões de famílias entre dezembro e janeiro, o governo diz ter zerado a fila do programa.

Os pagamentos de fevereiro começam na próxima terça-feira (14) e vão até o dia 25, de acordo com o calendário do Auxílio Brasil.