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Valor médio do Auxílio Brasil não compra nem uma cesta básica, diz Dieese

Cesta básica mais barata está em Aracaju (SE), por R$ 507,82, valor 24,6% maior que o Auxílio Brasil - Luis Alvarez/Getty Images
Cesta básica mais barata está em Aracaju (SE), por R$ 507,82, valor 24,6% maior que o Auxílio Brasil Imagem: Luis Alvarez/Getty Images

Anaís Motta

Do UOL, em São Paulo

08/02/2022 04h00Atualizada em 08/02/2022 05h58

O valor médio do Auxílio Brasil, de R$ 407,54, não foi suficiente para comprar uma cesta básica em nenhuma das 17 capitais analisadas pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) em janeiro deste ano. Segundo dados divulgados na segunda-feira (7), a cesta mais barata foi encontrada em Aracaju (SE), por R$ 507,82, em média — valor 24,6% maior que o benefício substituto do Bolsa Família.

Somente Porto Alegre (R$ 673,00) registrou queda no preço da cesta básica no mês passado, de acordo com o Dieese. Nas demais, os aumentos entre dezembro e janeiro variaram de 0,87%, em Florianópolis (R$ 695,59), até 6,36%, em Brasília (R$ 661,09).

São Paulo é a capital com a cesta básica mais cara do país, valendo R$ 713,66, em média — quantia 75% maior que o Auxílio Brasil pago em janeiro pelo governo federal. Depois, aparecem Florianópolis, Rio de Janeiro (R$ 692,83), Vitória (R$ 677,54) e Porto Alegre.

Veja ranking completo abaixo:

  • São Paulo: R$ 713,86 (alta de 3,38% em relação a dezembro de 2021);
  • Florianópolis: R$ 695,59 (+0,87%);
  • Rio de Janeiro: R$ 692,83 (+3,99%);
  • Vitória: R$ 677,54 (+2,35%);
  • Porto Alegre: R$ 673,00 (-1,45%);
  • Brasília: R$ 661,09 (+6,36%);
  • Campo Grande: R$ 660,11 (+2,92%);
  • Curitiba: R$ 636,57 (+1,29%);
  • Belo Horizonte: R$ 632,83 (+4,57%);
  • Goiânia: R$ 624,91 (+4,63%);
  • Fortaleza: R$ 607,35 (+4,89%);
  • Belém: R$ 563,97 (+1,27%);
  • Natal: R$ 551,06 (+4,06%);
  • Recife: R$ 543,10 (+2,02%);
  • Salvador: R$ 540,01 (+4,21%);
  • João Pessoa: R$ 538,65 (+5,45%);
  • Aracaju: R$ 507,82 (+6,23%).

Até o mês passado, 17,5 milhões de famílias estavam cadastradas para receber o Auxílio Brasil, segundo o Ministério da Cidadania. A maior parte (8,3 milhões) está na Região Nordeste, à frente de Sudeste (5 milhões), Norte (2,1 milhões), Sul (1,1 milhão) e Centro-Oeste (893 mil). Com a inclusão de mais 3 milhões de famílias entre dezembro e janeiro, o governo diz ter zerado a fila do programa.

Os pagamentos de fevereiro começam na próxima terça-feira (14) e vão até o dia 25, de acordo com o calendário do Auxílio Brasil.

Café sobe, feijão cai

Entre os produtos da cesta básica, destaque para o quilo do café em pó, cujo preço médio subiu em todas as capitais analisadas em janeiro de 2022.

As maiores altas foram registradas em São Paulo (17,91%), Aracaju (12,95%) e Recife (12,77%), puxadas pela "expectativa de quebra da safra 2022/2023 e os menores estoques globais de café", segundo o Dieese.

O quilo do açúcar também encareceu no mês passado, com aumentos verificados em 15 capitais. As altas oscilaram entre 0,22%, no Rio de Janeiro, e 4,66%, em Brasília. Somente em Florianópolis (-1,09%) e Porto Alegre (-0,22%) houve queda.

Já o arroz agulhinha teve recuo nos preços em 16 capitais, como resultado da diminuição da demanda interna e da queda nas exportações. Destaque para as variações em Vitória e Salvador, onde o preço caiu 9,87% e 6,97%, respectivamente. A única alta foi registrada em Brasília (2,11%).

O feijão ficou mais barato em 12 capitais, ainda de acordo com o Dieese. Para o tipo carioquinha — pesquisado nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, além das cidades de Belo Horizonte e São Paulo —, os recuos ficaram entre 8,44%, na capital mineira, e 0,29%, em Aracaju. Já o feijão preto diminuiu em todas as capitais do Sul, em Vitória e no Rio de Janeiro, com quedas entre 3,94% (Porto Alegre) e 1,29% (Curitiba).

Salário mínimo ideal

Com base na cesta básica mais cara — que, em janeiro, foi a de São Paulo —, o Dieese ainda calcula que o salário mínimo ideal para manter uma família de quatro pessoas deveria ter sido de R$ 5.997,14 no mês passado, o que seria suficiente para suprir as despesas com alimentação, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e Previdência Social, segundo o órgão.

Esse valor, porém, corresponde a 4,95 vezes o salário mínimo atual, de R$ 1.212. Se comparado à renda média do trabalhador brasileiro, que em outubro de 2021 estava em R$ 2.449, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a diferença é de 2,44 vezes.