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PR: Auditores fiscais da Receita pedem exoneração de chefias, diz sindicato

Posto da alfândega da Receita Federa em Foz do Iguaçu, PR - Divulgação/Receita Federal
Posto da alfândega da Receita Federa em Foz do Iguaçu, PR Imagem: Divulgação/Receita Federal

Rai Aquino

Do UOL, em São Paulo

04/03/2022 15h15Atualizada em 04/03/2022 22h15

Todos os 11 auditores fiscais da alfândega da Receita em Foz do Iguaçu, no Paraná, pediram exoneração de seus cargos de chefias, segundo o Sindifisco Nacional (Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil). Eles se somam aos outros 10 auditores que tomaram a mesma decisão entre 26 de janeiro e 14 de fevereiro.

De acordo com o sindicato, as novas exonerações foram assinadas e encaminhadas para publicação no DOU (Diário Oficial da União) nesta quinta-feira (4). Procurada pelo UOL, a 9ª Região Fiscal da Receita Federal (Paraná e Santa Catarina) disse, em nota, que "têm sido publicadas exonerações de funções de chefias a pedido dos auditores fiscais e analistas tributários" (veja íntegra da nota mais abaixo).

Os novos pedidos de exoneração vão afetar os seguintes serviços da alfândega da Receita em Foz do Iguaçu:

  • Divisão de Conferência de Bagagem (aduanas da Ponte Internacional da Amizade, PTN e aeroporto)
  • Divisão de Vigilância e Repressão ao Contrabando e Descaminho (operações de combate aos crimes transfronteiriços)
  • Serviço de Despacho Aduaneiro (porto seco, equipe de importação, equipe de exportação e aduana integrada).

"Os chefes entregam os cargos, e já são milhares de chefes no Brasil que estão pedindo exoneração dos cargos de chefia que ocupam, por uma questão de absoluta falta dos instrumentos necessários para administração da Receita", destacou o presidente do Sindifisco Nacional, Isac Moreno Falcão Santos.

Mobilização de 3 meses

Desde dezembro, mais de 600 auditores fiscais de todo o país entregaram seus cargos de chefia na Receita. Os servidores anunciaram suas renúncias em protesto após a aprovação do Orçamento de 2022 pelo Congresso. O texto cortou recursos da Receita para, segundo os auditores, dar aumento de salário a policiais.

Como são concursados, os servidores seguem na carreira, apenas deixam as funções de chefia ou de conselheiros no Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais). De acordo com o Sindifisco Nacional, a Receita tem 7,5 mil auditores e 5,5 mil analistas. Destes, 2 mil ocupam cargos de chefia. Ou seja, as renúncias atingem mais de 30% desses cargos.

Há um quantitativo tremendamente insuficiente de auditores fiscais, daí a necessidade de concurso público que é um dos temas centrais da mobilização. Um outro motivo pelo qual os chefes estão entregando seus cargos é a impossibilidade de governança em um ambiente com quantitativo insuficiente de auditores fiscais e orçamento na iminência de se esgotar.
Presidente do Sindifisco Nacional

Operação padrão

Desde o fim de dezembro, os auditores da Receita em todo o país trabalham em operação padrão —também conhecida como operação tartaruga— na liberação de produtos nas alfândegas.

Nela, os auditores fazem uma fiscalização mais rigorosa de documentos e mercadorias, o que eleva o tempo em operações de importação e exportação. Com o movimento, os servidores buscam pressionar o governo por aumento de salários.

Os auditores da Receita têm duas demandas principais com o governo:

  • aumento do orçamento para atuação do órgão em 2022
  • regulamentação de um bônus por produtividade, criado por meio de lei em 2017. O bônus nunca foi pago aos servidores.

O estopim para o movimento foi a aprovação, pelo Congresso Nacional, da destinação de R$ 1,7 bilhão para a concessão de um reajuste salarial a policiais. A medida era defendida pelo próprio presidente Jair Bolsonaro (PL), que tem nas forças de segurança uma importante base eleitoral.

Nota da Receita

A Superintendência da Receita Federal do Brasil na 9ª Região Fiscal (Paraná e Santa Catarina) confirma que têm sido publicadas exonerações de funções de chefias a pedido dos auditores fiscais e analistas tributários. Os pedidos de exoneração são fruto do descontentamento dos servidores com as negociações que vêm sendo realizadas com o governo federal referentes a assuntos como a falta de pessoal, os cortes no orçamento da Receita Federal e a regulamentação do programa de produtividade estabelecido em 2016 e aguardando decreto regulamentador desde então.

A Superintendência tem realizado esforços para manter a prestação dos serviços essenciais da Receita Federal, que é o principal responsável pela arrecadação do Estado brasileiro, para que não haja interrupção no fluxo de recursos destinado à realização de políticas públicas em áreas importantes como educação, saúde e segurança. Também estamos buscando alocar da maneira mais racional possível o nosso pessoal para que a Receita Federal continue cumprindo sua função de fiscalizar o comércio exterior, impedindo a entrada de produtos ilegais e prejudiciais à indústria nacional. A superintendência espera que as negociações cheguem a um termo brevemente, para que possamos voltar à normalidade dos trabalhos