Prévia da inflação fica em 0,95% em março, a maior para o mês desde 2015
O IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor - Amplo 15), considerado uma prévia da inflação oficial (IPCA), registrou alta de 0,95% em março, após ficar em 0,99% em fevereiro. Foi a maior alta para um mês de março desde 2015, quando o índice ficou em 1,24%. No mesmo mês do ano passado, a prévia da inflação ficou em 0,93%.
O preço dos alimentos foi o que mais pesou no IPCA-15 neste mês. Os dados foram divulgados hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Considerando o acumulado nos últimos 12 meses, o índice foi de 10,79%, muito acima da meta do Banco Central para a inflação neste ano, de 3,5%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos —ou seja, variando entre 2% e 5%. Para tentar conter a inflação, o BC tem feito sucessivos aumentos na taxa básica de juros, a Selic, que já chega 11,75% ao ano, a maior desde abril de 2017.
Alimentos puxam alta
Todos os nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE subiram em março. A maior variação (1,95%) e o maior impacto (0,4 ponto percentual) vieram dos alimentos e bebidas, influenciados principalmente pelo preço de alimentos consumidos em casa (2,51%).
Veja quais alimentos registraram as maiores altas:
- Cenoura: 45,65%
- Tomate: 15,46%
- Frutas: 6,34%
- Batata inglesa: 11,81%
- Ovo de galinha: 6,53%
- Leite longa vida: 3,41%
Entre os alimentos com preço em baixa, está o frango em pedaços (-1,82%). É o segundo mês consecutivo de queda —em fevereiro, o frango ficou 1,31% mais barato.
Segundo o IBGE, fatores climáticos, como estiagem no Sul e chuvas no Sudeste, contribuíram para a alta dos alimentos.
Combustíveis e gastos com saúde ficam mais caros
Somados a alimentos e bebidas, os grupos de saúde e cuidados pessoais (1,3%) e o de transportes (0,68%) respondem por 75% do impacto total do IPCA-15 de março.
Em transportes, os preços da gasolina subiram 0,83% no mês. Individualmente, é o item de maior peso na pesquisa.
Segundo o IBGE, o aumento se deve ao reajuste de 18,77% do combustível nas refinarias da Petrobras, em 11 de março. O IPCA-15 também registrou aumento do diesel (4,10%) e do gás veicular (5,89%). O etanol foi a exceção, com queda de 4,7%.
Os preços das passagens aéreas caíram pelo terceiro mês consecutivo (-7,55%). No transporte público, houve aumento no preço da passagem de ônibus urbano (1,04%) —puxado pelo reajuste do bilhete em Curitiba (10,67%), Recife (9,07%) e Fortaleza (0,26%).
No grupo saúde e cuidados pessoais, a variação está relacionada aos itens de higiene pessoal, com alta de 3,98%. O item de maior peso foi o perfume (12,84%).
O IPCA-15 também registrou aumento de 0,83% nos produtos farmacêuticos e de 0,58% dos serviços médicos e dentários. Segundo o IBGE, os preços do plano de saúde estão em queda (-0,69%), após reajuste negativo aplicado pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) em 2021.
Conta de luz e botijão de gás sobem
No grupo Habitação (0,53%), os maiores impactos vieram da energia elétrica (0,37%) e do gás de botijão (1,29%), ambos com 0,02 ponto percentual.
Houve aumento de 16,06% no valor do gás vendido nas refinarias, em 11 de março.
No caso da energia elétrica, as variações foram de -2,34% em Brasília até 4% em Goiânia. No Rio de Janeiro (0,93%), a alta decorre dos aumentos nas tarifas nas duas concessionárias de energia pesquisadas (de 15,58% e 17,30%), em vigor desde 15 de março.
Ainda em Habitação, destaca-se a alta do gás encanado (2,63%). A taxa de água e esgoto subiu 0,49%.
Os Artigos de residência (1,47%) também ficaram mais caros, mas subiram menos que em fevereiro (1,94%). Esse tipo de gasto é puxado pela alta nos preços de móveis (2,45%) e de eletrodomésticos e equipamentos (1,92%). Em 12 meses, a alta acumulada para os dois itens é de 19,88% e 19,25%, respectivamente.
Metodologia
Para o cálculo do IPCA-15, os preços foram coletados entre 12 de fevereiro e 16 de março de 2022 (referência) e comparados com aqueles vigentes de 14 de janeiro a 11 de fevereiro de 2022 (base).
O indicador refere-se a famílias com rendimentos de 1 a 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte, residentes nas regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e do município de Goiânia.
A metodologia utilizada é a mesma do IPCA, a diferença está no período de coleta dos preços e na abrangência geográfica.
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