Golpe no WhatsApp usa contas correntes alugadas para mover dinheiro ilegal
Cinco pessoas foram indiciadas durante uma operação da Polícia Federal do Distrito Federal, que investiga criminosos envolvidos em uma série de golpes realizados pelo WhatsApp. Nesta terça-feira (5), três mandados de busca e apreensão, autorizados pela 1ª Vara Criminal de Brasília, foram cumpridos em endereços localizados em Goiânia e Tocantins. Um dos detalhes curiosos da investigação é de que havia "aluguel" de contas correntes para facilitar a circulação do dinheiro recebido ilegalmente.
Além dos mandados, a Justiça também autorizou o sequestro de valores em todas as contas usadas pelo grupo criminoso. Os envolvidos foram indiciados pelos crimes de fraude eletrônica, lavagem de dinheiro e associação criminosas com penas somadas que podem chegar a 26 anos de reclusão.
As vítimas, na maioria, pessoas da terceira idade, foram ludibriadas em conversas pelo aplicativo e induzidas a fazer depósitos via PIX para os criminosos. Nas conversas, eles usavam contas com fotos dos parentes das vítimas e demonstravam conhecer detalhes da dinâmica familiar.
Por isso, o diálogo era convincente o suficiente para enganar as vítimas, apesar dos aparentes erros de português evidenciados nas mensagens. Uma delas chegou a fazer três depósitos, totalizando um prejuízo de cerca de R$ 20 mil. O golpe só foi percebido quando um quarto depósito foi solicitado.
"Percebemos uma progressiva sofisticação desses golpes. Os criminosos selecionam os alvos pela faixa etária e pelo padrão social", explica o delegado-chefe da 9ª DP, Filipe de Moraes. "Antes de iniciar os contatos, buscam conhecer bem a rotina familiar, por meio de pesquisas nas redes sociais. Também optam por vítimas de outros estados, justamente para dificultar o processo investigativo. Nesse caso, o responsável pelo envio das mensagens residia em Tocantins e os indivíduos responsáveis por receber o dinheiro em Goiânia".
Listas de transmissão
Em um dos celulares encontrados, foram descobertas três listas de transmissão. Cada uma com cerca de 150 participantes, totalizando mais de 450 pessoas. Essas listas seriam usadas para buscar pessoas que têm interesse em alugar contas correntes para receber os valores desviados das vítimas e que, geralmente, recebem 10% dos valores. O resto é sacado e entregue aos verdadeiros golpistas.
Todas as pessoas identificadas que tenham emprestado suas contas serão responsabilizadas pelo crime de lavagem de dinheiro. "As pessoas que estão 'alugando' contas bancárias para funcionar como primeiro porto do dinheiro desviado devem saber que estão cometendo crime de lavagem de dinheiro, com pena de três a dez anos de reclusão, pena superior ao da própria fraude eletrônica, que é de quatro a oito anos", acrescenta Moraes.
Essa já é a quarta operação deflagrada pela 9ª Delegacia de Polícia do DF, somente este ano, sobre a mesma espécie de crime. "A população deve ficar alerta e ter a certeza da confirmação com quem está conversando antes de efetivar depósitos", conclui o delegado.
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