Com corrida mais cara e atraso, passageiros de Uber e 99 usam táxi e ônibus
Com a alta no preço de combustíveis, usuários de Uber e 99 têm reclamado de mais cancelamentos e tempo de espera maior até serem aceitos em corridas. Mesmo após os aplicativos anunciarem medidas para tentar reduzir os efeitos da alta, usuários de apps de corrida têm recorrido a outras alternativas para se locomover.
A designer Thaiane Gomes, 30, pediu uma corrida de Uber em Mauá, na região metropolitana de São Paulo, para voltar à sua casa na Ponte Rasa, zona leste da capital paulista. O motorista até chegou onde ele estava, mas recusou a corrida. Num intervalo de 50 minutos, Thaiane contou sete cancelamentos até finalmente ser aceita.
Ela pagou R$ 40 em um trajeto de cerca de meia hora. "O primeiro motorista se desculpou comigo e disse que não queria ir para São Paulo, que compensava ficar no ABC", diz.
Essa não foi a primeira e nem a última vez em que Thaiane passou por alguma dificuldade para chamar uma corrida por aplicativo nos últimos meses.
Na avenida Paulista, um dos lugares mais movimentados de São Paulo, ela teve de pedir um táxi depois de ser rejeitada por motoristas do Uber por mais de 20 minutos. "É difícil a demora, mas sinto que eles estão tentando fazer o trabalho compensar de um jeito ou de outro [ao escolher corridas]."
Ônibus + app
A publicitária Beatriz Harumi, 28, também está mudando os hábitos de transporte. Ela mora na Vila Brasilândia, na periferia da zona norte de São Paulo, bairro onde Uber não entra por considerar área de risco, diz. Por causa disso, tem apenas a 99 como opção, o que acaba se tornando um problema.
Na região onde vive, a escassez de carros disponíveis atualmente deixa a corrida mais cara: um trajeto até a Pompeia, na zona oeste, antes custava R$ 25 e agora sai, em média, por R$ 38. Como as viagens de carro estão mais salgadas, Beatriz recorre ao transporte público.
Ela diz que usa ônibus para sair de seu bairro e desce em um ponto movimentado onde já consegue chamar um aplicativo. Se a tarifa aparece como dinâmica, Beatriz compara qual está mais barato -Uber ou 99. Se ambas estiverem muito caras, termina a viagem de ônibus mesmo.
"No meu caso, sinto que os cancelamentos diminuíram, mas o carro tem demorado mais tempo para chegar", afirma.
Mais de R$ 270 por uma corrida
Com um tempo de espera maior, a publicitária Nathalia Costa, 30, começou a se "programar para se atrasar". Ela mora em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, e aciona corridas de aplicativo todos os sábados de manhã para um percurso que custa de R$ 10 a R$ 15..
Ela prefere Uber e 99 por considerar o trajeto a pé perigoso para fazer sozinha. Diz também que o intervalo médio de 40 minutos do ônibus pode atrasar suas tarefas aos fins de semana. Mas Nathalia já chegou a perder compromissos por causa da demora para conseguir uma corrida.
"Eu comecei a me programar com 10, 20 minutos de antecedência. Mas já cheguei a esperar 40 minutos e ninguém me atendeu."
Para Nathalia, além do combustível mais caro, pesa o fato de ela morar em São Bernardo e os motoristas de lá preferirem correr na capital paulista. Mesmo corridas com tarifas dinâmicas altas são negadas.
Num dia de Lollapalooza, a publicitária e uma amiga de São Caetano, na mesma região, dividiram uma corrida de Uber de R$ 274 após mais de 20 minutos de insistência. O mesmo trajeto normalmente sairia por cerca de R$ 94.
Obter CNH e dirigir carro do pai
O estudante Vitor Soares, 20, tem percebido uma dificuldade maior para conseguir um Uber em Florianópolis (SC). Em uma madrugada, ele e duas amigas enviavam mensagens pedindo aos motoristas para não cancelarem a corrida.
Não deu certo, pois contabilizaram sete "nãos" dos condutores durante quase uma hora.
Depois disso, Soares tem priorizado os serviços da 99 por considerar que as recusas são menos frequentes. Ainda que o ônibus seja uma opção na noite catarinense, o estudante se sente mais seguro com o carro parando na frente de sua casa.
"Se a situação continuar como está, uma possibilidade é tirar a carteira de motorista e dirigir o carro dos meus pais", afirma.
O que dizem Uber e 99
O Uber diz que os passageiros voltaram a usar mais os serviços com o afrouxamento da pandemia, justificando o maior tempo de espera e o aumento nos cancelamentos.
"Os usuários estão tendo que esperar mais tempo por uma viagem porque, especialmente nos horários de pico, há momentos em que há mais solicitações do que motoristas parceiros disponíveis para atendê-las", afirma, em nota.
Ainda segundo a empresa, o preço dinâmico é uma ferramenta eficiente "porque, por um lado, faz alguns usuários adiarem a viagem à espera de um preço menor e, por outro, aumenta os ganhos dos motoristas para incentivar que mais parceiros se desloquem para atender aquela região."
Em relação ao combustível, o Uber destacou um pacote de medidas que visa reduzir os custos dos motoristas que trabalham com o aplicativo. Desde 11 de março, as corridas estão 6,5% mais caras.
A 99 declara que os profissionais ganham um acréscimo de R$ 0,10 por quilômetro rodado para cada R$ 1 de aumento do combustível.
Segundo a empresa, uma corrida de 12 km em São Paulo, que gasta 1 litro na média para carro popular, o reajuste é de R$ 2,04 para esse trecho.
A 99 também afirma que o índice de cancelamento de corridas está abaixo de 5%. "Para permitir que o parceiro tome a melhor decisão em aceitar ou rejeitar a corrida, a 99 apresenta antecipadamente todas as informações relevantes sobre a viagem: valor aproximado, origem, destino e dados sobre o passageiro."
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