Uma gota de sangue: como startup de US$ 9 bilhões deve levar donos à prisão
Em 2003, a Theranos, startup do Vale do Silício, fez uma promessa que revolucionaria o mundo da medicina: com apenas algumas gotas de sangue, conseguiria dar diagnósticos completos ao paciente, de diabetes a câncer. Uma ideia simples, desenvolvida a partir do medo de agulhas de uma jovem de 19 anos, que chegou a valer US$ 9 bilhões e catapultou o nome da garota a um dos mais promissores do mundo dos negócios.
Quase 20 anos depois, ela e seu braço direito respondem por estelionato, diversas acusações de fraude e protagonizam uma das quedas mais sintomáticas da era da influência e tecnologia.
A fundadora, Elizabeth Holmes, hoje com 37 anos, ainda aguarda sentença prevista para setembro deste ano, de acordo com o jornal americano The New York Times. Em janeiro, ela foi condenada em quatro das 11 acusações contra ela em solo norte-americano.
O braço direito dela e ex-parceiro amoroso, Ramesh Balwani, 57, acaba de ser considerado culpado das 12 acusações de fraude contra ele e pode enfrentar 20 anos de prisão, mais o pagamento de US$ 250 mil, por cada uma delas.
Balwani, também conhecido como Sunny, era o diretor de operações da Theranos e respondeu por ludibriar pacientes e investidores, além de crimes de conspiração e fraude eletrônica. Segundo o The New York Times, o executivo deve ser sentenciado em novembro.
"Estamos obviamente desapontados com os vereditos. Planejamos estudar e considerar todas as opções de Balwani, incluindo uma apelação", afirmou o advogado de Balwani, Jeffrey Coopersmith, em declaração à CNN.
Holmes e Balwani se conheceram em 2002 num programa de verão, em Pequim, para aprender mandarim. Ele, 20 anos mais velho, já era um empreendedor bem-sucedido na indústria de softwares. Eles mantiveram contato depois disso e, em 2005, estavam morando juntos.
Sunny assumiu o cargo formal na empresa em 2009, depois de garantir um empréstimo de 10 milhões de dólares para a empresa. Apesar de terem um relacionamento romântico, Holmes e Balwani mantinham a relação fora dos holofotes dos investidores e parceiros, segundo a CNN.
A empresa recebeu investimentos do empresário de mídia Rupert Murdoch e fechou uma grande parceria com a Walgreens, atingindo então uma avaliação de 9 bilhões de dólares.
Balwani ajudou Holmes a cultivar sua imagem com Steve Jobs, administrou o laboratório e ajudou na arrecadação de fundos. A Theranos levantou 945 milhões de dólares de investidores e Elizabeth chegou, inclusive, a ser considerada a próxima personalidade do mundo da tecnologia.
A queda
Em 2015, o esquema veio à tona a partir de uma investigação do jornal americano The Wall Street Journal que revelou falhas nos métodos de teste e capacidades tecnológicas da empresa.
Segundo a publicação do jornal, a empresa teria realizado cerca de uma dúzia das centenas de testes que oferecia usando seu dispositivo de teste de sangue proprietário e com precisão questionável. Além disso, a matéria revelou que a Theranos estava confiando em dispositivos fabricados por terceiros de empresas tradicionais de exames de sangue, em vez de sua própria tecnologia.
Depois disso, Balwani abandonou a empresa que faliu em 2018. Naquele ano, ele e Holmes foram acusados de fraude.
Os dois foram julgados separadamente, mas tiveram papéis importantes no júri um do outro.
Durante seu julgamento criminal, Holmes sugeriu que Balwani exercia ainda mais poder do que ela em sua própria empresa e fez acusações sobre o relacionamento deles como parte de sua defesa. Nos documentos entregues pela defesa da fundadora, ela afirmou que Sunny era um homem abusivo sexual e emocionalmente, mas a defesa dele nega. Apesar disso, nenhum réu testemunhou contra o outro.
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