Apartamento de 10m² por R$ 200 mil cria discussão sobre custo de vida em SP
O vídeo do "menor apartamento da América Latina", com 10 m² de área, um "banheiro transparente" e uma grande janela no centro de São Paulo, anunciado por R$ 200 mil, foi publicado por um corretor de imóveis nas redes sociais e iniciou uma discussão nas redes sobre como está caro morar em São Paulo e a qualidade de vida de seus habitantes.
"Na entrada temos uma cozinha; a porta; o box do banheiro e o box do chuveiro e o dormitório", aponta Gutemberg Albuquerque, corretor e especialista em venda de imóveis, em um vídeo de menos de um minuto, no qual é possível ver o imóvel por completo.
O corretor, que tem uma média de 500 visualizações por vídeo publicado no TikTok, viu no registro do apartamento um boom nas suas publicações. Em menos de um mês, o vídeo foi visto mais de 150 mil vezes.
A maior parte dos comentários registrados na publicação, porém, é de brincadeiras em torno do tamanho e da disposição da residência.
"Gente. Quem teve a brilhante ideia de fazer o banheiro com vidro transparente?", questiona um dos usuários. "É um apartamento com 10 m². Acho difícil a pessoa morar com outra ou receber visita", responde outro.
O vídeo teve repercussão também no Twitter. "Minha maior conquista de vida é não morar em São Paulo", afirmou um usuário.
Para o corretor, os comentários são feitos por aqueles que não conhecem a realidade de apartamentos das partes mais nobres e centrais de São Paulo. "Há imóveis em Pinheiros, na avenida Rebouças, que chegam a R$ 26 mil por metro quadrado", diz Gutemberg ao UOL.
Segundo o corretor, o edifício no qual o apartamento está localizado fornece outras comodidades para seus moradores.
"Lá tem coworking, espaço gourmet, box para entregas do iFood, academia, salão de festas, brinquedoteca e espaços para convivência. Comodidades que são caras no centro de São Paulo", afirma ele.
Ele conta que imaginou que o vídeo fosse atiçar a curiosidade de muitos, mas não esperava que ele gerasse tamanha repercussão. "Escolhi esse porque sabia que era fora da curva. Sabia que faria sucesso, mas não tanto", afirma.
O site da construtora Vitacon, responsável pelo edifício, mostra que além dos estúdios de 10 m², o prédio Nova Higienópolis também tem unidades que vão até 77 m².
Apesar do nome "Higienópolis", referência ao bairro nobre de São Paulo, o edifício fica localizado na rua das Palmeiras, na altura do bairro Campos Elíseos, na região central.
O prédio fica localizado a 900 metros do Shopping Pátio Higienópolis, a 400 metros de um dos novos pontos de concentração de usuários de drogas da antiga "cracolândia", que se espalhou pelo centro de São Paulo no mês de maio, e nas proximidades das estações Santa Cecília e Marechal Deodoro do metrô.
Segundo o corretor, imóveis menores como o da publicação costumam ser procurados por estudantes, profissionais liberais, pessoas que moram em outras cidades e visitam São Paulo com frequência e até mesmo por investidores que compram os imóveis para alugá-los em plataformas de temporadas, como o Airbnb.
Todas as unidades disponíveis no local, lançado em 2017, foram compradas e a venda na qual Gutemberg trabalha é de um proprietário que busca repassar o imóvel. "O vídeo gerou muito contato e interesse, além de uma visita", diz.
O condomínio no local, segundo ele, custa R$ 350.
A Vitacon, responsável pela construção, afirmou que as unidades de 10m² foram anunciadas, em 2017, a R$ 99 mil. Todos os apartamentos foram vendidos no fim de semana do lançamento. "Mas, quando o proprietário opta pela revenda do imóvel, o valor é influenciado por fatores como o momento do mercado, a localização e a valorização dos últimos anos", explicou a construtora.
Segundo a empresa, o espaço reduzido é complementado com "áreas comuns compartilhadas". No edifício, inclusive, há uma "cokitchen", espécie de cozinha compartilhada para os moradores. Eles lembraram, ainda, que 90% dos clientes deles são investidores que compram o imóvel para alugar.
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