Telefunken, marca ícone da Alemanha, volta ao Brasil, mas não é com TVs
A Telefunken, empresa alemã que se tornou famosa no Brasil até o fim dos anos 80 pela fabricação de rádios e televisores, está de volta ao Brasil.
Após 33 anos fora do mercado, a marca retornou com uma linha de eletrodomésticos e eletroportáteis, porém sem TVs - produtos históricos que marcaram presença nos lares brasileiros.
Memória afetiva do brasileiro
Desconhecidos dos mais jovens, os modelos ainda fazem parte da memória afetiva de muitas pessoas com mais de 35 anos, pelo menos.
Os famosos televisores eram quadrados, pesados, com um botão para cada canal e saída de áudio na parte dianteira da TV. Modelos ainda mais antigos eram feitos em madeira.
Os aparelhos permaneceram entre as famílias mesmo após o fechamento das fábricas e anúncio da descontinuidade da marca no Brasil - o que ocorreu em 1989. O período foi marcado por hiperinflação e turbulências econômicas que levaram ao encerramento de diferentes indústrias nacionais e internacionais no período.
Na época, a Telefunken foi comprada pela Gradiente -outra gigante do setor à época.
O retorno da marca ocorreu graças a um acordo de licenciamento assinado em 2020. A Someco, empresa de capital argentino com 25 anos de atuação no Brasil, é a representante da Telefunken na América Latina.
Ao UOL, o diretor da empresa, Marcelo Palacios, explicou a importância da memória afetiva para o resgate da marca no país.
"Aqui no Brasil, a gente detectou que há uma memória positiva e afetiva muito importante pela marca, todo mundo tem um pai ou um avô que teve a TV Telefunken, mas agora, o objetivo não é explorar e desenvolver televisores e sim, soluções que complementam o mercado. A Telefunken no mundo passou por fase de ressignificação da marca, que foi totalmente renovada e está alinhada para esta cara nova de desenvolvimento de produtos conectados."
Cafeteiras, batedeiras e fornos
Em vez de rádios e TVs, agora a marca oferece produtos como home theater, fornos elétricos, cafeteiras com sistemas duplos para café moído e cápsulas de café, batedeiras modernas e chaleiras elétricas. Os produtos serão fabricados na China e enviados para o mercado brasileiro, argentino e chileno.
Os itens já estão à venda em lojas físicas e estão disponíveis também em marketplaces. Porém, a reestreia oficial da marca está prevista para esta segunda-feira (11), na Eletro Show - uma feira de eletrodomésticos e eletrônicos.
Para o economista Ricardo Macedo, a venda desses novos produtos se beneficia de um momento depois da pandemia, quando as pessoas se voltaram ainda mais para os cuidados com o lar.
"As pessoas comemoram a volta de marcas tradicionais, que na verdade passaram por um reposicionamento. No caso, a Telefunken está aproveitando um nicho que cresceu durante a pandemia, quando muitas pessoas passaram a curtir mais a casa, a fazer coisas mais sofisticadas na cozinha, e a empresa aproveita isso com a entrega de produtos mais tecnológicos."
Empresa alemã de 120 anos
A Telefunken foi fundada em 27 de maio de 1903 em Berlim, na Alemanha. Ela foi pioneira na transmissão de informações sem fio e foi comandada pelo kaiser Wilhelm II, último imperador alemão e rei da Prússia, conhecido por ser um fomentador da ciência.
A empresa influenciou o desenvolvimento da engenharia de rádio e comunicação em todo o mundo. No Brasil, ela chegou oficialmente em 1940, fez história fabricando rádios e televisores e ganhou destaque pelo lançamento do sistema PAL-M de transmissão colorida, em 1970.
No Brasil, a marca saiu do mercado em 1989, e em outros países em 1996. O retorno da Telefunken aconteceu em 2009, desde que os direitos da marca foram adquiridos por uma investidora alemã, a Telefunken Licenses que providenciou a volta do nome ao mercado internacional.
No Brasil, as negociações de retorno ocorreram em 2020 com a disponibilização dos produtos dois anos depois. Palacios explicou que a chegada no país demorou mais devido a desafios de produção e logística enfrentados por diversas indústrias no mundo.
Atualmente, a marca está presente em 120 países.
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