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CNI não assinará manifesto da Fiesp: 'Dialogamos com todos os políticos'

Presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, e presidente da República, Jair Bolsonaro - CNI
Presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, e presidente da República, Jair Bolsonaro Imagem: CNI

Weudson Ribeiro

Colaboração para o UOL, em Brasília

28/07/2022 23h20

A CNI (Confederação Nacional da Indústria) afirmou hoje que dialoga com integrantes de todas as colorações partidárias e não assinará um manifesto de defesa ao sistema eleitoral brasileiro elaborado pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). Com a abstenção, a entidade tem o objetivo de manter a neutralidade e evitar se posicionar politicamente. O texto da Fiesp será publicado em jornais de circulação nacional em 11 de agosto.

A manifestação da CNI ocorre após a publicação de outro ato, capitaneado por integrantes da Faculdade de Direito da USP. "Nossas eleições com o processo eletrônico de apuração têm servido de exemplo no mundo. Tivemos várias alternâncias de poder com respeito aos resultados das urnas e transição republicana de governo. As urnas eletrônicas revelaram-se seguras e confiáveis, assim como a Justiça Eleitoral", diz o documento endossado por mais de 300 mil pessoas, entre banqueiros, juristas e frentes sindicais.

Por meio de seu perfil no Twitter, o presidente Jair Bolsonaro (PL) ironizou hoje o conteúdo da carta elaborada pelos juristas da USP. Antes, em sua live semanal, o mandatário havia dito que a nota é um ato político contra sua reeleição que teria sido patrocinada pelo presidente da Fiesp, Josué Gomes, filho do ex-vice-presidente de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), José de Alencar.

"Uma nota política eleitoral que nasceu lamentavelmente na Fiesp em São Paulo. Se não tivesse o viés político nessa nota, eu assinaria. Sem problema nenhum. Mas, voltou para o lado de defesa de outro poder. Acho que o equilíbrio entre os poderes tem que existir e nós sabemos por onde que anda o desequilíbrio aqui no Brasil", afirmou Bolsonaro.

Leia a íntegra do manifesto da Fiesp

"No ano do bicentenário da Independência, reiteramos nosso compromisso inarredável com a soberania do povo brasileiro expressa pelo voto e exercida em conformidade com a Constituição.

Quando do transcurso do centenário, os modernistas lançaram, com a Semana de 22, um movimento cultural que, apontando caminhos para uma arte com características brasileiras, ajudou a moldar uma identidade genuinamente nacional.

Hoje, mais uma vez, somos instigados a identificar caminhos que consolidem nossa jornada em direção à vontade de nossa gente, que é a independência suprema que uma nação pode alcançar. A estabilidade democrática, o respeito ao Estado de Direito e o desenvolvimento são condições indispensáveis para o Brasil superar os seus principais desafios. Esse é o sentido maior do Sete de Setembro neste ano.

Nossa democracia tem dado provas seguidas de robustez. Em menos de quatro décadas, enfrentou crises profundas, tanto econômicas, com períodos de recessão e hiperinflação, quanto políticas, superando essas mazelas pela força de nossas instituições.

Elas foram sólidas o suficiente para garantir a execução de governos de diferentes espectros políticos. Sem se abalarem com as litanias dos que ultrapassam os limites razoáveis das críticas construtivas, são as nossas instituições que continuam garantindo o avanço civilizatório da sociedade brasileira.

É importante que os Poderes da República - Executivo, Legislativo e Judiciário - promovam, de forma independente e harmônica, as mudanças essenciais para o desenvolvimento do Brasil.

As entidades da sociedade civil e os cidadãos que subscrevem este ato destacam o papel do Judiciário brasileiro, em especial do Supremo Tribunal Federal, guardião último da Constituição, e do Tribunal Superior Eleitoral, que tem conduzido com plena segurança, eficiência e integridade nossas eleições respeitadas internacionalmente, e a todos os magistrados, reconhecendo o seu inestimável papel, ao longo de nossa história, como poder pacificador de desacordos e instância de proteção dos direitos fundamentais.

A todos que exercem a nobre função jurisdicional no país, prestamos nossas homenagens neste momento em que o destino nos cobra equilíbrio, tolerância, civilidade e visão de futuro.

Queremos um país próspero, justo e solidário, guiado pelos princípios republicanos expressos na Constituição, à qual todos nos curvarmos, confiantes na vontade superior da democracia. Ela se fortalece com união, reformando o que exige reparos, não destruindo; somando as esperanças por um Brasil altivo e pacífico, não subtraindo-as com slogans e divisionismos que ameaçam a paz e o desenvolvimento almejados.

Todos os que subscrevem este ato reiteram seu compromisso inabalável com as instituições e as regras basilares do Estado Democrático de Direito, constitutivas da própria soberania do povo brasileiro que, na data simbólica da fundação dos cursos jurídicos no Brasil, estamos a celebrar."