Guedes minimiza orçamento secreto de R$ 16 bi e nega que seja corrupção
O ministro da Economia, Paulo Guedes, minimizou o valor de R$ 16,5 bilhões do orçamento secreto, usado como moeda de troca entre o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) e políticos do Centrão para a aprovação de pautas no Congresso, e negou que essa prática possa ser considerada corrupção.
Durante palestra na Associação da Classe Média, em Porto Alegre (RS), hoje, Guedes disse que foram repassados R$ 15 bilhões para o orçamento secreto, mas, na realidade, foram liberados R$ 16,5 bilhões apenas neste ano. Entretanto, ele afirmou que esse valor representa menos de 1% do Orçamento da União.
Sem fazer menção ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ministro destacou que, ontem na sabatina do Jornal Nacional, o candidato petista chamou o orçamento secreto de "usurpação" e que configuraria corrupção. Guedes rebateu essa versão do petista.
"Fica essa pancadaria toda por causa do orçamento secreto. Ontem tinha um candidato falando: 'o orçamento secreto, corrupção, corrupção...' O orçamento é de R$ 15 bilhões e foi criado pelo presidente da Câmara anterior [Rodrigo Maia] para poder ser oposição ao governo e não ser atingido. A oposição que criou o orçamento impositivo e a emenda de relator para nos atacar", declarou.
O orçamento secreto, originalmente conhecido como emendas de relator, existe desde 2020, e é usado para facilitar o trabalho de Jair Bolsonaro nas negociações com as bancadas do Congresso Nacional em troca de apoio político.
Nos últimos meses, contudo, essas verbas se tornaram o foco de escândalos de fraudes na compra de caminhões de lixo, ônibus escolares, tratores, ambulância, entre outros.
A prática é chamada de secreta porque não há transparência para acompanhar para qual área o dinheiro será encaminhado, o que dificulta a fiscalização do dinheiro público.
Ontem, no JN, Lula disse que Jair Bolsonaro se tornou "refém do Congresso" com a prática do orçamento secreto. Conforme o petista, enquanto o atual chefe do Executivo "parece o bobo da corte", quem de fato coordena as finanças públicas são o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI).
Hoje, sem fazer referência a Lula, Bolsonaro disse em entrevista à Jovem Pan que o orçamento secreto "vai dar problema um dia". "Eu não posso, se quiser, fazer chantagem. O orçamento é do parlamento", afirmou.
No mês passado, o Congresso impôs ao Executivo a reserva de R$ 19 bilhões para uso dos parlamentares em 2023.
Recuperação econômica
Na Associação da Classe Média de Porto Alegre, Paulo Guedes falou sobre o estado da economia global que, segundo o ministro, enfrenta um período de reconfiguração de suas cadeias produtivas no período de pós-pandemia e também no atual contexto da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, enquanto o Brasil já está "saindo da clínica de reabilitação".
Conforme Guedes, esse cenário "de turbulência" é bom para o Brasil porque traz oportunidades de crescimento econômico. O ministro ponderou que, enquanto os países da Europa precisam "fazer uma reconfiguração de todas as cadeias" produtivas, o Brasil "já está em pé".
"O Brasil está voltando da clínica de reabilitação quando o baile funk está acabando às três da manhã, com todo mundo bêbado e a polícia chegou", falou.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.