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Quanto custa o arroz orgânico produzido pelo MST?

Produtores de arroz orgânico do MST - Alexandre Garcia
Produtores de arroz orgânico do MST Imagem: Alexandre Garcia

Franceli Stefani

Colaboração para o UOL

01/09/2022 12h49

O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) é atualmente maior produtor de arroz orgânico da América Latina há 10 anos. O dado foi divulgado pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga).

O produto é encontrado em redes de supermercados, na internet e até no exterior, uma vez que é exportado pelas cooperativas formadas pelos assentados.

No comércio, o pacote de 1kg é encontrado por menos de R$ 10 em muitos sites de venda de produtos do gênero.

Os valores são ainda menores quando buscados nas lojas do próprio movimento. Os custos partem de R$ 5,98 e chegam a R$ 8,49. Segundo o próprio MST, o custo são para atender a demanda por alimentos saudáveis da população dos grandes centros urbanos a preços justos e acessíveis.

A produção concentrada em assentamentos da Reforma Agrária do Rio Grande do Sul é fonte de renda para muitos agricultores que trabalham durante o ano todo no cultivo do grão. A estimativa é de que a safra de 2021/2022 renda cerca de 15 mil toneladas. Isso representa uma média de 310 mil sacas de 50 quilos.

De acordo com a Cooperativa dos Trabalhadores Assentados da Região de Porto Alegre (Cootap), o grão, livre de veneno, está plantado em uma área de aproximadamente 3.196,23 hectares. Em solo gaúcho, são 14 locais que fazem a produção — divididos em diversas regiões do Estado.

Para celebrar o trabalho, é feita a Festa da Colheita do Arroz Agroecológico, celebrada por assentados na Cooperativa de Produção Agropecuária Nova Santa Rita (Coopan), em Nova Santa Rita, na região Metropolitana de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Este ano aconteceu a 19ª edição.

Produção diversificada

Conforme divulgado pelo movimento, no Brasil, "as cadeias produtivas mais consolidadas nos assentamentos do MST são do arroz, leite, carne, café, cacau, sementes, mandioca, cana-de-açúcar e grãos". No entanto, a diversidade de alimentos produzidos em cada região do país passa das diversas centenas, abastecendo feiras locais e regionais, cestas e cooperativas de consumo, mercados locais e, principalmente, a alimentação escolar e de outros entes públicos.

O MST afirma que centenas de produtos são produzidos por pequenos produtores. Eles são fabricados de forma orgânica e agroecológica. Há produtos industrializados, como arroz, feijão, farinhas, massas, óleos, vinagres, mel, açúcar, bem como produtos lácteos, como leite, doce de leite, creme de leite, iogurte e requeijão.

Há ainda produtos in natura, como hortaliças, frutas e verduras. Em Nova Santa Rita, na Região Metropolitana de Porto Alegre, por exemplo, há o único produtor de mudas de hortaliças orgânicas da região Sul do Brasil, conforme o Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Na propriedade do integrante do movimento, são cultivadas espécies como rúcula, alho, alface, tomate, espinafre e brócolis.

Os produtos são cultivados em vários estados brasileiros, dentre eles Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul e Ceará. Em números, como detalhado pelo MST, são 160 cooperativas, 120 agroindústrias, 1.900 associações e 450 mil famílias assentadas.