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O que fazer quando clientes testam sua paciência? Estas conversas dão aula!

Conversas mostram como é difícil lidar com clientes - Reprodução / Twitter
Conversas mostram como é difícil lidar com clientes Imagem: Reprodução / Twitter

Luciana Cavalcante

Colaboração para o UOL

27/10/2022 04h00

Recentemente, uma postagem com prints de atendimento ao público viralizou nas redes sociais. Os resultados desastrosos ou engraçados mostraram que a vida pode não ser fácil para quem trabalha na área. Mas o que fazer quando os clientes testam a sua paciência?

O UOL ouviu uma consultora em negócios, que deu dicas para quem vive isso no dia a dia.

Com a legenda "Trabalhar com público é castigo de Deus", o perfil expõe quatro conflitos entre cliente e empresa.

Em um deles, o comprador reclamou do erro na quantidade de doces entregues. O atendente oferece um bônus, mas ele não aceita.

Em outro caso, o atendente erra o valor da encomenda para mais, pede desculpas. Mesmo assim é mal interpretado.

No terceiro caso, a discussão começa já no pedido do cardápio. E, no último, o mais ofensivo, o cliente manda um palavrão no lugar do nome e se ofende quando é chamado assim pelo atendente.

Só quem atua na área sabe que erros, conflitos e mal-entendidos são mais comum do que o desejado. A situação aflige especialmente os microempreendedores, que não dispõem de grande estrutura de atendimento, diz a consultora de negócios do Sebrae (SP) Juliana Segallio.

"Vejo muitos casos como esses. Até porque o microempreendedor é aquele que 'joga nas onze pontas'. Acaba sendo um pouco de tudo atuando na contabilidade, embalagem, atendimento. Esse cenário de múltiplas tarefas é desafiador", avalia.

Mas, seguindo algumas regras, dá para evitar ou amenizar conflitos. "É preciso entender o que você faz e para quem faz, além de ter consciência de que vai lidar com público e estar atento para sanar suas dúvidas", diz a especialista.

Outro ponto muito importante é a forma como é feita a comunicação com o cliente.

"Alguns empresários pecam na comunicação, jogam a informação no ar e subentendem que todo o público vai entender. As pessoas têm dificuldade de interpretação, fazem uma leitura rápida, superficial", explica.

Exemplo disso é quando há falha ou inconsistência de informações nas redes sociais. Quando o perfil tem informações, fotos e vídeos sobre o produto, mas peca ao não informar o processo para a compra. "Para quem está vendendo parece óbvio que basta clicar no link para comprar, mas é preciso explicar qual o passo a passo para fazer o pedido."

Processos antecipam problemas

A consultora do Sebrae sugere estabelecer processos para tentar evitar ou amenizar o atrito. "É importante ter sempre o cliente como foco, estabelecer processos claros em cada fase da experiência dele com seu negócio, seja no orçamento, na execução, no pós-venda, usando principalmente a honestidade e pontuando assertivamente", orienta.

Ela costuma indicar um processo que chama de DOER, onde cada letra significa uma fase do processo:

D - Desculpe - pedir desculpas pelo transtorno
O - Obrigada - Agradecer o cliente por trazer o problema e dar a oportunidade de resgatar a sua confiança.
E - Entender o que houve - Saber onde houve falha é mais importante do que apontar culpados
R - Resgate, reparação e ressarcimento - São três possibilidades que podem ser aplicadas dependendo do problema que ocorreu.

"Esse método tem uma coisa muito importante que é agradecer, porque, na maioria das vezes, os clientes não comunicam os problemas, eles saem por aí falando mal da empresa e isso dá a oportunidade de tentar melhorar e restaurar a confiança do cliente."

Mas nem sempre é fácil admitir os erros e, no Brasil, explica ela, isso esbarra em uma questão cultural.

"Infelizmente são poucas as empresas preparadas para quando há um problema. A primeira atitude é 'fechar a cara' para o cliente e achar que ele está agindo de má-fé. Em outros países, você nem precisa justificar por que está pedindo para substituir um produto", compara.

Apesar do jargão, o cliente não tem sempre razão. Existem casos de clientes que agem com má-fé e é preciso, além de saber identificá-los, adotar estratégias para se proteger de problemas futuros.

"Sempre tem aquele cliente que não está num dia bom e quer descontar em você, então evite 'bater boca' em ambiente público. Numa situação extrema, paciência e bom senso são muito importantes. Melhor encerrar o atendimento, tendo o cuidado de ter a conversa registrada".