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Vai ter churrasco na Copa? Carne disparou desde Mundial da Rússia; compare

Já a cerveja consumida dentro de casa subiu 21,6% desde julho de 2018 até setembro de 2022, alta abaixo da inflação - Getty Images
Já a cerveja consumida dentro de casa subiu 21,6% desde julho de 2018 até setembro de 2022, alta abaixo da inflação Imagem: Getty Images

Do UOL, em São Paulo

10/11/2022 04h00

Além do coração, o torcedor também deve preparar o bolso se planeja reunir amigos e familiares para fazer um churrasco durante os jogos da Copa do Mundo do Qatar. Só o preço das carnes subiu 76,9% desde o último torneio, em julho de 2018, segundo levantamento feito pela XP com base no IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) atualizado até setembro deste ano. A alta foi quase 3 vezes maior do que a inflação acumulada no período, de 26,3%.

Outros itens normalmente presentes no churrasco também ficaram mais caros nos últimos quatro anos, mas sem superar a variação da inflação geral. É o caso do refrigerante consumido dentro de casa, que subiu 26,1% desde julho de 2018 até setembro de 2022, e a cerveja, que teve alta de 21,6%.

Tatiana Nogueira, economista da XP, explica que a escalada nos preços da carne vem antes mesmo da pandemia e está associada à maior demanda global, à alta dos grãos (que são usados na produção de ração) e à redução das áreas de pastagem com a crise hídrica de 2020 e 2021. Já a cerveja e o refrigerante foram impactados pelo aumento nos custos de produção — especialmente de embalagens, que têm preços cotados em dólar.

"Em 2019, a gente teve os surtos de gripe suína africana na China, que levaram a uma queda no consumo do produto no país e um aumento nas importações chinesas de carne bovina do Brasil. Depois, a pandemia encareceu todas as commodities, especialmente os grãos, que são usados como ração dos animais. Ainda temos aí três anos consecutivos de La Niña causando secas em áreas importantes de produção. Isso vem pressionando os preços", diz.

O levantamento da XP lista as principais altas, de 2018 a 2022, entre os itens que compõem a "inflação da Copa". Confira abaixo:

  • Pacote de figurinhas do álbum: 100%
  • Carne: 76,9%
  • Camisa oficial da seleção: 40%
  • Inflação oficial (IPCA): 26,3%
  • Refrigerante consumido dentro de casa: 26,1%
  • Cerveja consumida dentro de casa: 21,6%
  • Refrigerante consumido fora de casa: 21,5%
  • Cerveja consumida fora de casa: 17,5%
  • Álbum de figurinhas: 16,5%
  • Televisor: 12,2%

Alta nas TVs. Indispensáveis para acompanhar os jogos, os televisores também ficaram mais caros desde 2018. De acordo com o levantamento da XP, o preço das TVs subiu 12,2% em relação à última Copa — aumento abaixo da inflação, mas ainda surpreendente, na avaliação de Tatiana Nogueira.

No geral, segundo a economista, a tendência é que o preço desse tipo de produto caia ou fique estável, e não suba.

"A tecnologia tem avançado muito rapidamente. São lançados novos produtos, os antigos ficam obsoletos e os preços caem. Podemos atribuir essa surpresa também à pandemia, porque tivemos restrições de oferta e uma quebra nas cadeias globais de suprimentos, especialmente de semicondutores. [A alta dos preços] É um movimento contrário à tendência que vimos nos últimos anos", afirma.

Ela lembra ainda que a disparada nos preços desses itens — que compõem o chamado "kit torcedor" — poderia ser ainda maior se a Copa do Mundo de 2022 acontecesse em julho, como normalmente é, e não em novembro, já que o Brasil registrou deflação nos meses de julho, agosto e setembro.

Preço das camisas disparou. O torcedor que faz questão de assistir aos jogos do Brasil uniformizado também vai precisar gastar mais. O preço das camisas da Nike, fornecedora do uniforme da seleção, passou de R$ 249,90 na Copa de 2018 para R$ 349,99 na Copa de 2022 — um aumento de 40% em quatro anos, segundo o levantamento.

Mesmo assim, as camisas deste ano têm sido um sucesso de vendas. Segundo Gustavo Viana, diretor de marketing da Fisia, distribuidora da Nike do Brasil, a marca vendeu dez vezes mais camisas nos dois primeiros dias após o lançamento do que no mesmo período em 2018. No primeiro mês, o aumento nas vendas foi de 40% em relação à Copa da Rússia, disse o executivo em recente entrevista ao UOL Mídia e Marketing.

Inflação das figurinhas. Febre entre crianças e adultos, o álbum da Copa também ficou muito mais caro. O pacote com cinco figurinhas subiu de R$ 2 em 2018 para R$ 4 em 2022 — um salto de 100%, de acordo com levantamento feito pelo UOL. Se fossem reajustados apenas pelo IPCA, os pacotinhos custariam hoje R$ 2,52.