Campos Neto: Nunca subiram tanto os juros em ano eleitoral como em 2022
O presidente do Banco Central Roberto Campos Neto defendeu a autonomia da instituição ao dizer que os juros passaram a subir em pleno ano eleitoral devido a previsões de inflação futura. A declaração foi feita durante uma audiência no Senado que discute a atual taxa de juros brasileira, alvo de críticas do governo federal.
O que ele disse?
Brasil agiu antes de outros países. "Nunca na história desse país, nem na história do mundo, foi feito um movimento de aumento de juros tão grande no período eleitoral, mostrando que o Banco Central, mesmo no período eleitoral, entendeu que a inflação ia subir, entendeu antes de grande parte dos outros países, mas fez uma subida muito grande no ano eleitoral", disse Campos Neto.
Sem ação do BC, inflação poderia ser de 10% em vez de 5,8%, e os juros, de 18,75%. Segundo ele, essa é a estimativa de cenário, caso o BC não tivesse passado a aumentar os juros, hipoteticamente, por pressão eleitoral. "O BC atuou antes, de forma autônoma, e quanto mais cedo se atua, menor é o custo para a sociedade", afirmou.
Campos Neto definiu o combate à inflação como o melhor "instrumento social que existe hoje". Segundo ele, o atual nível de juros no país é compatível justamente com o problema inflacionário corrente no Brasil e no mundo.
A argumentação foi usada para defender os parâmetros que justificam a Selic no patamar de 13,75% ao ano. É a maior taxa desde o período de dezembro de 2016 até 11 de janeiro de 2017, quando também estava em 13,75%. A última vez em que a taxa básica teve um valor mais alto do que esse foi no ciclo de 19 de outubro de 2016 até 30 de novembro de 2016, quando o índice foi a 14% ao ano.
Campos Neto diz não ter como afirmar quando a queda de juros vai ocorrer. "Tomaremos uma decisão técnica, olhando todos os fatores, e as coisas estão caminhando no sentido certo", declarou.
Presidente do BC elencou críticas comuns
Acusações relativas à comunicação do BC, impactos no mercado de crédito e nos investimentos e a comparação com o cenário internacional foram outros também abordados por Roberto Campos Neto em sua apresentação inicial, antes das perguntas dos senadores.
Acusações de que o BC estaria sendo mais crítico no atual governo: "O Banco Central atua de forma muito técnica, e em todas a atas do Copom, desde 2019, toda vez que foi enxergado que teve alguma medida fiscal que alterava a trajetória da dívida, o BC se expressou nas suas comunicações", disse.
Juros altos favorecem os grandes bancos? Para Campos Neto, o cenário mudou e os bancos perdem mais do que ganham com a taxa Selic alta, já que dependem mais de operações de crédito do que necessariamente de títulos do Tesouro que terão maiores rendimentos.
Impacto nos investimentos e na oferta de crédito. Campos Neto apresentou outras razões que, segundo ele, impactam este setor —como o fato do Brasil tem taxa de recuperação de crédito ruim (ou seja, baixa expectativa de que as dívidas sejam pagas) e "muito crédito direcionado" (crédito com condições diferenciadas a empresas e setores específicos) dos bancos públicos em comparação a outros países.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.