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'Timing técnico é diferente do político', diz Campos Neto sobre juros

Do UOL, em Londres*

21/04/2023 05h39Atualizada em 21/04/2023 11h06

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, justificou hoje as ações do órgão para aumentar a taxa de juros e defendeu que "o timing técnico é diferente do timing político".

O que aconteceu:

Campos Neto vem sendo pressionado pelo governo federal e Congresso para abaixar a taxa, que se encontra em 13,75%.

Ontem, em um evento do grupo Lide, em Londres, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), cobrou do presidente do BC uma queda na taxa de juros.

Hoje, em sua palestra, Campos Netto preparou um power point para justificar todas ações do Banco Central no aumento dos juros.

Ele ressaltou a todo momento que o BC toma decisões autônomas sem influência política. Segundo Campos Neto, mexer na taxa de juros sem levar em conta a situação do crédito no Brasil será "desastroso" para a economia.

O timing técnico é diferente do timing político. Por isso que a autonomia é importante, para dar à sociedade a garantia que a gente tem funcionários técnicos tomando decisões técnicas Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central

21.abr.2023 - Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD) - Felipe Ferugon/Lide - Felipe Ferugon/Lide
21.abr.2023 - Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), em evento em Londres
Imagem: Felipe Ferugon/Lide

Meta de inflação

Campos Neto também defendeu a manutenção da meta de inflação como ponto fundamental para controle dos juros.

A fala vem depois de outra declaração do presidente Lula (PT), que critica a alta dos juros e a condução de Campos Neto há meses de forma pública. Lula não descarta mexer na meta da inflação.

O presidente do Banco Central defendeu que o país tem uma meta de inflação compatível com a de outros países emergentes. "A inflação desancorada faz com que o custo de desinflação seja muito mais alto e muito mais duradouro", disse.

O BC sempre atuou de forma autônoma, fez grandes subidas de juros em ano de eleição. Se o BC não tivesse feito isso, teríamos uma inflação hoje muito descontrolada e um custo para sociedade. Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central

*A reportagem viajou a convite do grupo Lide