IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

Crush ainda existe? O que aconteceu com a bebida que concorria com a Fanta

Propaganda do lançamento da Crush na Bahia - Antiguinho/Reprodução
Propaganda do lançamento da Crush na Bahia Imagem: Antiguinho/Reprodução

Stephanie Tondo

Colaboração para o UOL, de São Paulo

08/06/2023 04h00Atualizada em 12/06/2023 14h13

Nos anos 1970 e 1980, o mercado de refrigerantes brasileiro teve marcas de sucesso que sumiram das prateleiras, mas até hoje estão na memória das pessoas. Conheça a história de algumas delas.

Crush

O refrigerante foi produzido por diferentes empresas no Brasil. Entre as empresas que engarrafavam a bebida estão a Golé, de Uberaba (MG); a Pakera, de Magé (RJ); e a NewAge Bebidas, de Leme (SP).

Durante muito tempo a Crush foi considerada a maior rival da Fanta, uma das principais marcas da Coca-Cola. Isso porque a Crush era uma das poucas marcas de alcance nacional, assim como as bebidas produzidas pela Coca-Cola.

A Crush deixou de ser produzida no Brasil nos anos 90 e voltou diferente no início dos anos 2010, quando foi licenciada pela Coca-Cola. Em 2011, a empresa lançou a Crush Cajuína, com guaraná e suco de caju na composição. A comercialização, porém, foi exclusivamente para os consumidores da região do Cariri, no Ceará. Atualmente, o consumidor não encontra mais a bebida nas prateleiras dos supermercados brasileiros.

Inicialmente, sua fórmula tinha apenas o óleo de cascas de laranja. Foi inventada pelo químico californiano Neil C. Ward, que em 1916 criou a Orange Crush Company. O suco de laranja foi adicionado ao refrigerante em 1921, quando foram criados os sabores Lemon Crush (limão-siciliano) e o Lime Crush (limão).

Em 1980, a Crush foi vendida para a Procter & Gamble, que revendeu a marca para a britânica Cadbury Schweppes em 1989. Em 2006, a Cadbury comprou a norte-americana DrPepper.

Dois anos depois, a Cadbury e a Schweppes se separaram. A divisão de refrigerantes, incluindo todas as marcas da Crush e da DrPepper, ficou com a Cadbury.

Em 2018, a Keurig Green Mountain adquire a agora DrPepper Snapple Group, tornando-se a Keurig Dr Pepper. Essa empresa é hoje a detentora das marcas Crush, DrPepper, Schweppes, Canada Dry, 7up, entre outras.

Gini e Grapette

A Pakera também fabricou outro refrigerante que foi popular no Brasil até a década de 1980: o Gini, de limão, que também deixou de ser produzido no Brasil nos anos 90.

O Grapette, de uva, chegou ao Brasil em 1948. Inicialmente, a bebida era feita pela Companhia de Refrigerantes Guanabara, sediada no estado do Rio de Janeiro.

O slogan "Quem bebe Grapette repete" até hoje é lembrado pelos consumidores. Um dos motivos é o jingle criado em 1959 para divulgar o produto nas rádios brasileiras, quando a bebida ainda era produzida pela Refrigerantes Guanabara.

Ao contrário da Crush e do Gini, o Grapette continua no mercado. Em 1973, a Saborama passou a ser a detentora da marca no Brasil. Atualmente, a empresa opera através do sistema de franquias: ela vende o concentrado do Grapette para outros fabricantes finalizarem o refrigerante.

O Grapette também tem mais dois sabores no país: framboesa e uva verde. Segundo a Saborama, a versão framboesa pode ser encontrada nos estados de Amazonas e Rio de Janeiro. O sabor uva verde está à venda no Ceará.

Até hoje, muita gente pensa que Crush, Gini e Grapette eram feitos pela mesma empresa. O que acontecia é que os três refrigerantes eram distribuídos por concorrentes da Coca-Cola no Brasil, dando a impressão de que saíam das mesmas fábricas.

Por que sumiram?

A partir dos anos 1990, a produção de refrigerantes no Brasil se concentrou em três grandes empresas: Coca-Cola, Ambev e Pepsi.

No passado, acontecia de uma empresa produzir duas marcas diferentes, mas do mesmo sabor (laranja, por exemplo). Isso fez com que as empresas eliminassem marcas redundantes e menos lucrativas de seu portfólio.

Nos últimos dez anos, o mercado de refrigerantes registra queda considerável no país. Em 2010, o consumo desse tipo de bebida foi de 16,9 bilhões de litros, segundo a Abir (Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas Não Alcoólicas). Em 2021, o consumo havia caído cerca de 25%, para 12,7 bilhões de litros.

Crush e a Gini continuam sendo vendidas no exterior

Há tempos que os refrigerantes vêm ganhando o interesse de colecionadores. Seja pelo aspecto retrô ou pelas edições limitadas lançadas em diferentes países, existe um mercado interessado em adquirir embalagens antigas desses refrigerantes.

Ainda é possível encontrar Crush e Gini em lojas de produtos importados. As bebidas continuam sendo comercializadas no exterior, com maior presença em seus países de origem e mercados próximos. A Crush pode ser encontrada nos EUA, Canadá e Reino Unido. Já o refrigerante Gini é vendido na França e na Bélgica.

PUBLICIDADE
Errata: este conteúdo foi atualizado
O volume de refrigerante consumido em 2010 foi de 16,9 bilhões de litros. Em 2021, 12,7 bilhões de litros. E não milhões de litros como informado inicialmente. A empresa Golé segue ativa, e não foi extinta. As informações foram corrigidas.