Campos Neto diz que parcelado sem juros no cartão 'precisa ser sustentável'

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reforçou que o BC está estudando "alguma medida para melhorar" a modelagem das compras parceladas no cartão de crédito.

O que aconteceu

Campos Neto disse que hoje o cartão de crédito é um instrumento usado para fidelizar o cliente e que, quanto mais cartões, maior a inadimplência. Ele participou nesta sexta-feira (1) de um evento organizado pelo Lide, em Washington (EUA).

Segundo ele, todos os elos do negócio precisam conversar e parcelado sem juros precisa ser sustentável. "Parcelamento sem juros é 15% do crédito. É um instrumento de crédito que não incide juros, mostra uma anomalia no produto. Então a gente precisa conversar, os outros elos do negócio precisam entender que a gente precisa ser sustentável para frente, porque se não for sustentável todo mundo vai perder. A gente tem medo que comece a ter um problema maior de inadimplência que gere um travamento, isso sim impacta o consumo. Lembrando que 40% do consumo brasileiro é cartão de crédito. Nenhum outro lugar do mundo é tão alto", disse o presidente do BC.

Após a fala de Campos Neto, o empresário João Doria fez uma fala defendendo a importância do parcelamento sem juros. "Tirar o parcelado a uma parte sensível da população é não dar chance a população a ter acesso a produtos e serviços", afirmou. Doria foi aplaudido por boa parte da plateia que estava presente.

Ao final de seu painel no evento, Campos Neto não quis conversar com a imprensa.

PIB 'bastante bom'

Campos Neto avaliou que o resultado do PIB no 2º trimestre foi "bastante bom". A economia brasileira cresceu 0,9%, enquanto a expectativa do mercado era de 0,3%. O crescimento foi de 3,4% em comparação ao mesmo período do ano passado.

O presidente do BC destacou o desempenho positivo da indústria e do setor de serviços. "A parte da indústria veio melhor, de serviços veio melhor, a agricultura que tinha contribuído muito veio negativa, mas de forma geral o número foi qualitativamente melhor", disse. "Inclusive deve refletir em uma arrecadação melhor, porque o número tem uma qualidade melhor", acrescentou.

A repórter viajou a Washington a convite do Lide.

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