Maior bilionária do Brasil é grega e herdou fortuna do século 19

Vicky Safra, viúva do banqueiro Joseph Safra, é a pessoa mais rica do Brasil. Com a fortuna da família avaliada em R$ 87,8 bilhões, ela ocupa o primeiro lugar da lista de bilionários brasileiros divulgada hoje pela Forbes.

Neste ano, ela já havia aparecido no ranking global com mais que o dobro do patrimônio anterior. Na lista internacional, saiu da 6ª posição para a primeira, superando Jorge Paulo Lemann, que liderava em 2022 e caiu para a terceira posição no ranking brasileiro, mesmo que tenha conseguido crescer o patrimônio em R$ 3 bilhões em meio à crise das Lojas Americanas.

Quem é Vicky Safra?

Vicky Safra nasceu na Grécia pouco antes de sua família se mudar para o Brasil.

Ela foi naturalizada brasileira e atualmente vive na Suíça. Vicky tem 71 anos, completados em 1º de julho.

É viúva do banqueiro Joseph Safra, que por muitos anos foi o banqueiro mais rico do mundo, com quem se casou em 1969 e herdou metade de sua fortuna.

Tem quatro filhos — Jacob, David, Alberto e Esther — e 14 netos.

É dona do prédio Gherkin, localizado em Londres, e do número 660 na Madison Avenue, uma das regiões mais valorizadas de Nova York, mas seu patrimônio tem origem no Banco Safra.

Vicky faz trabalhos voluntários e ajuda em instituições de caridade. Hoje, é a responsável pela Fundação Vicky e Joseph Safra, que trabalha com educação, artes e hospitais.

Liderança no ranking brasileiro. Desde março de 2023, a Forbes EUA passou a considerar o patrimônio de Vicky e de seus filhos (Jacob, Esther, Alberto e David) em conjunto levando ela a ser a maior bilionária do Brasil e ocupando a posição 100 no ranking mundial, a Forbes Brasil adotou o mesmo critério. Por isso ela saiu da 6ª posição do ranking de 2022 com patrimônio único de R$ 37,5 bilhões, para a liderança neste ano.

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De onde vem a fortuna

A fortuna Vicky cresceu de 2022 para 2023 com a integração do patrimônio dos filhos: foi de R$ 37,5 bilhões para R$ 87,8 bilhões, um avanço de 134%.

A família atua no setor bancário desde o século 19. Os Safra são judeus originários de Alepo, centro financeiro da Síria.

O banco da família, o Safra Frères & Cie, tinha filiais em Istambul (Turquia), Alexandria (Egito) e Beirute (Líbano) e financiava o comércio nos territórios do Império Otomano. Com o fim da Primeira Guerra Mundial e o desmembramento do império, a família se mudou para Beirute e abriu o Banco Jacob Safra.

Nova mudança. Depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e da criação do Estado de Israel (1948), surgiram revoltas contra judeus em cidades do Oriente Médio, incluindo Beirute e, para se afastar da pressão, os Safra se mudaram novamente.

Em 1953, Jacob Safra e seus filhos — entre eles, Joseph — chegaram a São Paulo e continuaram trabalhando com o que mais entendem: bancos. O filho mais velho, Edmond, foi para Genebra, na Suíça, no ano seguinte para fazer fortuna sozinho.

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Lendas do mercado

Economistas e executivos de bancos mais experientes costumam contar algumas lendas sobre Joseph Safra: em uma delas, ex-funcionários dizem que ele costumava presentear as esposas de seus executivos com joias, quando os casamentos passavam por crises. Era uma compensação e um pedido de desculpas pelas horas extras dos maridos.

Ex-empregados contam que tinham acesso irrestrito ao banqueiro, que não media esforços para manter os executivos estimulados. Entretanto, o nível de cobrança era altíssimo. Alguns deles contam que recebiam ligações de Joseph domingo à noite pressionando-os a fechar operações de câmbio.

O banqueiro também era um filantropo. Ele foi um dos principais doadores dos hospitais Albert Einstein e o Sírio-Libanês, além de apoiar associações beneficentes.

Conflitos familiares

Jacob e David administram as empresas do grupo Safra na Suiça, Estados Unidos e Brasil. Esther se casou com Carlos Dayan, também filho de banqueiro, e vive em São Paulo.

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Já Alberto Safra processou Vicky, Jacob e David em uma disputa pela fortuna de Joseph Safra. A ação foi aberta na Suprema Corte de Nova York. Segundo ele, os familiares diminuíram sua participação na holding do Safra National Bank. Em fevereiro deste ano, a família disse, em nota, que lamenta a decisão de Alberto, e que ele "atentou contra o pai em vida" e agora "em memória".

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