Deputados querem prorrogar CPI das Americanas e interrogar ex-CEO em Madri
Diante da carta do ex-presidente das Americanas Miguel Gutierrez, deputados querem prorrogar a CPI das Americanas e interrogar o executivo, que está em Madri para tratamento de uma doença renal.
O deputado Vicentinho Junior (PP-TO) pediu nesta terça-feira (5) que a CPI funcione por mais 30 dias porque "tornou-se evidente que o escopo
desta CPI é notavelmente amplo e intricado". "Diversos órgãos e entidades dos setores públicos têm colaborado para conduzir as análises necessárias sobre os eventos que motivaram sua instauração", disse.
Já o deputado João Carlos Bacelar (PL-BA) disse ao UOL que vai propor a criação de uma comissão de deputados para ir até Madri tomar o depoimento de Gutierrez.
Se mantido o calendário atual, a CPI encerra seus trabalhos em 14 de setembro.
Bacelar também pediu ao relator, Carlos Chiodini (MDB-SC), que desista de levar seu relatório a votação nesta terça, como prevê a agenda da comissão para o dia. Para parlamentares, a carta de Gutierrez contradiz as conclusões do relatório final e inviabilizou a aprovação do trabalho.
O relatório de Chiodini, entregue na segunda-feira (4), concluiu que houve fraude nas Americanas, mas não apontou culpados.
Na carta enviada à CPI, Miguel Gutierrez disse que a atual gestão das Americanas tenta colocar a culpa pela fraude na antiga diretoria para proteger o trio de acionistas de referência - Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira.
"A acusação contra mim formulada pelas Americanas, além de falsa, é claramente enviesada, produzida com o objetivo de induzir o mercado e as autoridades investigativas a erro. Confio, assim, que esta CPI não se deixará enganar por esta clara manobra das Americanas para proteger seus acionistas controladores", escreveu Gutierrez, na carta.
O rombo, de R$ 20 bilhões, foi anunciado ao mercado pela própria varejista como "inconsistências contábeis". As Americanas estão em recuperação judicial desde janeiro, com dívidas declaradas de mais de R$ 40 bilhões, além de quase R$ 7 bilhões em debêntures.
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