Grupo 123milhas enviava email pedindo para cliente mentir a empresa aérea
A CPI das Pirâmides Financeiras exibiu um email atribuído à Hotmilhas, sistema de milhagem da 123milhas, em que pede para os clientes mentirem caso sejam procurados pelas companhias aéreas para as quais foram emitidas as passagens. Eles são orientados a não dizer que as milhas foram vendidas.
Importante: caso a companhia aérea entre em contato com você, deverá informar que doou suas milhas para algum amigou ou parente e que está ciente de todas as utilizações.
Trecho do email
O que aconteceu
O modelo de negócio da 123milhas consiste em vender passagem para um cliente e o bilhete ser pago com milhas adquiridas de outra pessoa. Os integrantes da CPI entendem que os emails revelam má-fé da empresa. É crime básico e configurado. Não pode pedir para pessoa mentir. O email é criminoso.
Presidente da CPI, Aureo Ribeiro (Solidariedade-RJ)
Advogado dos sócios da 123milhas, Eugenio Pacelli preferiu não comentar as revelações da CPI.
O conteúdo consta de uma troca de email ocorrida em 5 de março de 2023 entre um cliente e uma funcionária da Hotmilhas. Ele foi enviado à comissão durante a sessão de hoje.
Em outro email enviado em 6 de outubro de 2021, o assunto é o que falar caso a companhia aérea entre em contato por telefone.
"Você deve confirmar a utilização das milhas para emissão de passagens, mas não deve informar que as milhas foram vendidas. Você deve informar que doou para um parente ou amigo", orienta o email.
Em caso de a empresa saber da venda de milhas, a passagem seria cancelada, afirmou Roger Duarte Costa, gerente de Prevenção a Fraudes da 123milhas.
Os sócios da 123milhas podem ser indiciados pela comissão. O presidente da CPI considera que há sinais de outras irregularidades.
O deputado Aureo Ribeiro vê indícios de pirâmide financeira. Ele justificou que a empresa precisava de entrantes, ou seja, da base da pirâmide, para aqueles posicionados no topo poderem receber seu prêmio —no caso, as passagens aéreas.
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Quero receberO presidente da CPI acrescentou que as passagens eram vendidas por um valor abaixo do valor de mercado, usando um ativo digital, as milhas. Ele acrescentou que nenhum país do mundo tem este modelo de negócio.
Outra contradição citada pelos integrantes da CPI foi a 123milhas afirmar que não estipulava um preço para as milhas que comprava. A informação foi contestada pela comissão que exibiu uma tabela de valores retirada do site da empresa.
Os sócios da 123milhas faltaram a dois depoimentos. Eles chegaram a pedir audiência com o ministro do Turismo para o mesmo dia e horário da CPI para poder não comparecer.
De acordo com o sócio da empresa, Ramiro Madureira, cerca de 150 mil pessoas foram lesadas. Este número se refere a passagens marcadas entre setembro e janeiro. O número pode subir se a empresa não honrar os bilhetes vendidos para 2024.
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