Haddad defende Lula e mantém discurso de déficit zero: 'Meta estabelecida'
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse hoje que busca manter a meta fiscal em déficit zero para 2024, mesmo após declarações do presidente Lula (PT) de que ela "dificilmente será cumprida".
O que Haddad disse
Sem responder diretamente sobre a mudança da meta, ele disse que o compromisso é "buscar o equilíbrio fiscal", mas que "precisa de apoio político para isso". Haddad se reuniu com Lula por cerca de duas horas nesta manhã no Palácio do Planalto.
Em entrevista na Fazenda, quando também anunciou novos nomes para o Banco Central, Haddad afirmou que "mostrou as várias possibilidades" para Lula e que o presidente vai avaliá-las. Ele atribuiu a decisões do STF (Supremo Tribunal Federal) e do Congresso em 2017 a "erosão fiscal do Estado brasileiro".
A minha meta está estabelecida, vou buscar o equilíbrio fiscal. [...] O que eu puder fazer para que esse equilibrio seja atendido, eu vou fazer.
Fernando Haddad, sobre a meta fiscal
Na última sexta (27), Lula descartou a possibilidade de meta fiscal com déficit zero em café com jornalistas. Ele disse que o objetivo "dificilmente será cumprido" e se dá porque o mercado é "ganancioso".
O arcabouço fiscal, proposto pelo governo e aprovado pelo Congresso, estabelece uma meta de resultado primário zero para o próximo ano, com margem de tolerância de 0,25%. Zerar a meta tem sido defendido especialmente pelo ministro.
Nós vamos levar medidas para o governo para que os objetivos do governo sejam alcançados, independentemente desses contratempos que foram apurados ao longo do exercício e que têm trazido a erosão fiscal do Estado brasileiro -- mas precisa validar, na política, as decisões que vão ser tomadas.
Fernando Haddad, sobre a meta fiscal
"Minha meta"
Questionado diversas vezes pelos jornalistas, Haddad evitou ser taxativo sobre se a mudança ocorrerá ou não, mas deu a entender que, na conversa com o presidente, seguiu defendendo medidas para que o objetivo seja cumprido. Claramente contrariado, o ministro encerrou a entrevista coletiva subitamente.
Eu levei ao presidente os cenários possíveis. Se eu tiver de antecipar medidas para 2024, e a Casa Civil e o presidente concordarem.[...] O meu papel é buscar o equilíbrio fiscal, farei isso enquanto estiver no exercício do cargo, ponto. Não é por especulação do mercado financeiro, não é porque sou ortodoxo.
Fernando Haddad, sobre a meta fiscal
Em defesa de Lula
Haddad também justificou o posicionamento do presidente. Ele refutou que Lula tenha "descompromisso" com o Brasil, em parte de um esforço do Planalto para mostrar que não há falta de sintonia no governo.
Não há, por parte do presidente, nenhum descompromisso [com a meta fiscal]. Pelo contrário, se não estivesse preocupado com situação fiscal, não estaria pedindo apoio da equipe econômica para orientação do Congresso.
Fernando Haddad, em defesa de Lula
"Quando falam o presidente está prejudicando o país, sabotando o país, não. O presidente está constatando os problemas advindos de decisões que precisam ser reformadas", completou Haddad. "A sustentabilidade do país depende da correção da erosão da base fiscal brasileira, como eu venho dizendo desde o final do ano passado."
Lula ressaltou ano difícil em 2024
Segundo o presidente, 2024 será "um ano difícil" e não se pode ignorar isso. "Por conta da queda dos investimentos da China, da queda do crescimento da China, do aumento de juros na taxa de juros americana", justificou.
Quero dizer para vocês que nós dificilmente chegaremos à meta zero, até porque não quero fazer cortes em investimentos de obras. Se o Brasil tiver um déficit de 0,5%, o que é? De 0,25%, o que é? Nada. Praticamente nada. Então nós vamos tomar a decisão correta e vamos fazer aquilo que vai ser melhor para o Brasil.
Lula, em café com jornalistas
Lula disse ainda que tudo o que o governo puder fazer para cumprir a meta fiscal vai ser feito, mas ponderou que "ela não precisa ser zero". Ele chamou o mercado financeiro de "ganancioso" e descartou cortar investimentos para atingir a meta.
Deixe seu comentário