'Pior dos 2 mundos': o que é estagflação, ameaça à Argentina de Milei
O novo presidente da Argentina, Javier Milei, disse em seu discurso de posse que o país precisará passar por um "choque", com corte dos gastos públicos. "Isto terá um impacto negativo no nível de atividade. (...) Haverá estagflação, é verdade, mas não é algo muito diferente do que aconteceu nos últimos 12 anos", afirmou.
O que é estagflação
A estagflação é um fenômeno descrito como "o pior de dois mundos". Ela é resultado da combinação de três fatores: inflação alta, estagnação ou recessão econômica e aumento do desemprego.
O termo foi criado em 1965 por Iain Macleod, membro do Partido Conservador britânico. À época, ele usou a combinação entre as palavras "estagnação" e "inflação" para descrever o momento econômico do Reino Unido.
A estagflação é um cenário raro porque combina fenômenos que, geralmente, acontecem em ciclos econômicos diferentes. Quando há expansão econômica e redução do desemprego, por exemplo, a tendência é que haja inflação, por causa do aumento dos salários e do poder de compra.
O fenômeno da estagflação gera desafios para governos e bancos centrais. Políticas para conter a inflação podem desacelerar o crescimento e gerar desemprego, enquanto medidas para incentivar a atividade podem causar aumento de preços.
Na década de 1970, a economia global atravessou seu pior período de estagflação. Uma das causas foi o aumento dos preços do petróleo, provocado pelo embargo da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo).
Qual é a proposta de Milei
Nos últimos 12 meses, a alta de preços foi de 142,7% na Argentina. A maior inflação da história do país foi registrada em 1989, quando o aumento chegou a 3.100%.
Segundo dados oficiais, 40,1% da população vivia na linha da pobreza no primeiro semestre de 2023. Isso significa que essas pessoas não têm dinheiro para arcar com itens básicos.
Para conter os preços, Milei quer fazer um ajuste fiscal e monetário. Ele prometeu demitir servidores públicos não concursados, cortar subsídios e cancelar obras.
O novo governo já anunciou a desvalorização do peso em 54%. A dolarização da economia —ou seja, a adoção do dólar como moeda corrente —é uma das propostas de Milei.
*Com informações da Deutsche Welle.
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