Déficit zero depende da economia e de aprovações no Congresso, diz Haddad

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse em entrevista coletiva nesta sexta-feira (22) que atingir a meta de déficit zero em 2024 depende da economia e da aprovação de projetos no Congresso.

O que ele disse

Haddad disse que a meta de déficit zero no ano é dependente do desempenho da economia e que está otimista com esse ponto. Ele destacou que o Banco Central aprovou mais um corte de 0,5% na Selic nesta semana e disse que os cortes devem continuar nas próximas reuniões. Também destacou que as projeções de inflação estão dentro da banda e os dados de emprego estão positivos, o que aumenta a arrecadação.

O déficit também depende da aprovação de medidas no Congresso, disse. Ele criticou mais uma vez o Perse, programa de apoio ao setor de eventos. Haddad citou dados divulgados pela Receita Federal, que indicam que a renúncia fiscal gerada pelo programa chegou a R$ 32 bilhões, "muito acima do projetado em cinco anos".

O ministro citou ainda o bloqueio de bens na Justiça de R$ 1 bilhão sob suspeita de lavagem de dinheiro utilizando o Perse. "As pessoas aprendem a burlar um programa mal desenhado, que foi o caso desse programa. Muito mal desenhado, com brechas absurdas. Não podemos conviver com esse tipo de brecha."

Ele citou ainda a decisão do STF sobre derrubar a revisão da vida toda. "São 480 bilhões que vão sair do risco fiscal", disse. Nosso quadro de riscos judiciais estava na casa de R$ 1,1 trilhão, o que herdamos do governo anterior. Reduzimos à metade os riscos judiciais. Isso demonstra uma capacidade de diálogo e penso que o Judiciário está adotando uma atitude mais consequencialista, o que concorre para o equilíbrio das contas no longo prazo", disse.

Sobre as críticas aos dados divulgados pela Receita sobre o Perse, ele disse que os dados são auditáveis. "A Receita Federal responde por improbidade se ela mentir. É muito fácil falar que os dados da Receita não batem. Mas você responde por isso? Os técnicos da Receita respondem", disse.

Também falou sobre o impacto da desoneração da folha de pagamentos nas contas. "O governo não pretendia renovar esse benefício. Não houve nenhuma contrapartida social nos 12 anos em que ele esteve em vigor, não houve nenhuma vantagem na sociedade. Ele é restrito a setores que acabam onerando todos os outros que não são beneficiados. Como o Congresso decidiu prorrogar, encaminhamos um PL para achar um meio-termo. Mas o impacto do PL já foi incorporado às contas do bimestre.

Sobre a decisão do Copom de não manter o guidance de corte de juros para as próximas reuniões, Haddad disse que a decisão foi por "aguardar junho para tomar uma decisão". Ele não disse que vai aumentar para 0,75%, manter em 0,5%, nem baixar para 0,25%. Ele tem liberdade de tomar uma decisão em função do que estiver acontecendo no mundo".

O ministro se disse otimista com o cenário internacional. Ele afirmou que, pelo que ouviu em encontros internacionais, deve se iniciar um ciclo de cortes de juros nos Estados Unidos e na Europa. "Se isso acontecer, desanuvia a economia internacional. E como a nossa inflação está mais bem comportada do que a de nossos pares e até de países desenvolvidos, não vejo razão para esse ciclo não continuar", disse.

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