'Seguro', transporte: por que o ovo de Páscoa é tão mais caro que a barra?

Trabalho manual, embalagem, transporte e possíveis perdas dos produtores estão entre os elementos que encarecem os ovos de páscoa na comparação com barras de chocolates ou bombons.

Diferença de preço

O Procon-SP divulgou levantamento dos preços dos produtos. O cálculo aponta o valor médio do quilo na capital paulista em 2024:

  • Ovos de Páscoa - valor médio do quilo: R$ 302,21;
  • Bombons - valor médio do quilo: R$ 164,14;
  • Tabletes de chocolate - valor médio do quilo: R$ 86,27.

Quais os motivos que elevam o preço do ovo em relação à barra de chocolate? O que as empresas dizem sobre o assunto.

1. Produção mais cara

O ovo de Páscoa passa por um processo de fabricação mais complexo do que uma barra de chocolate tradicional.

A fabricação utiliza muito mais mão de obra manual, especialmente na parte da embalagem, diferentemente de um simples tablete, que é produzido o ano inteiro em uma máquina automatizada, de onde saem centenas de toneladas automaticamente.

A folha de pagamento das empresas aumenta, pois elas contratam funcionários temporários para dar conta dos pedidos.

2. Embalagem e royalties

A embalagem é mais cara, por ser grande, laminada e colorida, diferente de uma caixa de bombom ou de um tablete, que tem embalagem simples para encaixe na máquina.

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Outro quesito que encarece muito os ovos de Páscoa são os personagens, porque é preciso pagar royalties para cada empresa responsável por eles. Os brinquedos que vêm dentro também afetam o preço final.

3. Armazenamento por meses

Além disso, a fabricação começa muito antes da Páscoa, entre setembro e outubro, e esses ovos precisam ficar armazenados em ambiente climatizado, para não correr o risco de derreter. Esse processo de armazenamento contribui para o aumento dos preços.

4. Transporte delicado

Chocolates em barras ou bombons são transportados com mais facilidade. Os ovos de Páscoa, no entanto, ocupam muito espaço porque são ocos e podem quebrar facilmente.

Um caminhão que leva 12 toneladas de tablete de caixas de bombons, só consegue transportar quatro toneladas de ovos.

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5. 'Seguro' desperdício

Por fim, as empresas adicionam um custo para cobrir eventuais perdas. Após a Páscoa, os ovos que não são vendidos voltam para os fabricantes e podem gerar prejuízo. Por mais que cálculos e estudos sejam feitos, sempre sobra.

As pessoas aceitam pagar, diz professor

Esses custos citados acima até influenciam o preço final dos ovos, mas o peso maior está em um componente emocional, chamado de percepção de valor, na opinião de Walter Franco Lopes, professor de economia do Ibmec São Paulo.

A percepção de valor é quanto um produto vale aos olhos do consumidor, ou seja, quanto ele se dispõe a pagar por aquilo. Por ser uma data especial e fazer parte de uma tradição, muitas pessoas aceitam pagar mais caro por um ovo de Páscoa.

A satisfação em comprar ou receber um ovo de Páscoa é muito maior do que a de comer um chocolate em barra, e, por essa satisfação, as empresas cobram mais caro.
Walter Franco Lopes

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Se o consumidor quiser mesmo presentear amigos ou familiares com ovos de Páscoa, a dica é focar em produtos mais específicos. É claro que no final das contas é tudo chocolate, mas alguns tipos não são encontrados em barras ou bombons, como os com camadas diferentes de recheio, por exemplo.

Fonte: Ubiracy Fonseca, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas.

*Com informações de reportagem publicada em 16/04/2022

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