Prévia da inflação sobe 0,36% em março, puxada por alimentos

O IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor - Amplo 15), considerado uma prévia da inflação oficial, registrou alta de 0,36% em março. O IPCA-E (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - Especial) acelerou 1,46% no trimestre. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (25) pelo IBGE.

O que aconteceu

O IPCA-15 ficou 0,42 p.p. abaixo da taxa de fevereiro, quando o índice subiu 0,78%, puxado pelos reajustes no grupo Educação. Em março do ano passado, o índice ficou em 0,69%.

Nos últimos 12 meses, a variação do IPCA-15 foi de 4,14%. Ficou abaixo dos 4,49% observados nos 12 meses anteriores. A pesquisa da Reuters com economistas estimava uma alta de 0,32% março.

O IPCA-E ficou em 1,46% no primeiro trimestre do ano. O dado ficou abaixo da taxa de 2,01%, registrada no mesmo período em 2023.

O resultado de março foi influenciado pelo grupo de Alimentação e Bebidas, que apresentou alta de 0,91% e teve um impacto de 0,19 p.p. no índice geral. Em seguida, vem o grupo de Saúde e cuidados pessoais (0,61%), com um resultado impactado pelo plano de saúde (0,77%), produtos farmacêuticos (0,73%) e itens de higiene pessoal (0,39%).

Dos nove grupos de produtos e serviços analisados pela pesquisa, cinco registraram alta. Veja abaixo qual foi a variação dos grupos em março:

  • Alimentação e bebidas: 0,91%
  • Habitação: 0,19%
  • Artigos de residência: -0,58%
  • Vestuário: -0,22%
  • Transportes: 0,43%
  • Saúde e cuidados pessoais: 0,61%
  • Despesas pessoais: -0,07%
  • Educação: 0,14%
  • Comunicação: -0,04%

Todas as áreas mapeadas pela pesquisa tiveram alta em março. A maior variação foi em Belém (0,74%), por conta das altas do açaí (18,87%) e da gasolina (1,96%). Enquanto isso, a menor foi em Goiânia (0,14%), que teve queda nos preços do automóvel usado (-3,19%) e das carnes (-1,02%).

Alimentação e bebidas influenciaram o resultado

No grupo, a alimentação no domicílio subiu 1,04% em março. O aumento de preço da cebola (16,64%), do ovo de galinha (6,24%), das frutas (5,81%) e do leite longa vida (3,66%) contribuíram para o resultado. Itens como a batata-inglesa (-9,87%), a cenoura (-6,10%) e o óleo de soja (-3,19%) apresentaram queda.

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A alimentação fora do domicílio também acelerou 0,59% e ficou acima do resultado de fevereiro. Houve uma alta mais intensa da refeição (0,35% em fevereiro para 0,76% em março). Por outro lado, o aumento no preço do lanche (0,19%) foi menor do que o mês anterior (0,79%).

Grupo de Transportes

O grupo de Transportes teve a terceira maior alta do IPCA-15 de março (0,43%). A gasolina (2,39%) foi o item que teve o maior impacto no grupo, de 0,12 p.p.. O preço do etanol (4,27%) também acelerou. No entanto, o gás veicular (-2,07%) e o óleo diesel (-0,15%) registraram queda.

A passagem aérea, que influenciou fortemente o índice nos últimos meses de 2023, teve uma queda de -9,08% em março e registrou o maior impacto negativo (-0,07 p.p.) no mês.

Impacto na Selic

Nesta terça-feira (26), foi divulgada a ata do Copom. O documento apontou que a incerteza sobre o cenário da desinflação pode diminuir ritmo de queda de juros daqui para frente.

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Na última quarta-feira (20), o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central do Brasil voltou a reduzir a Selic em 0,5 ponto percentual, para 10,75%. Foi o sexto corte consecutivo da taxa básica de juros, em linha com as expectativas do mercado. No comunicado divulgado, a instituição destacou que o atual cenário global desafiador exige "serenidade e moderação" na política monetária.

Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, destaca que o IPCA-15 de hoje veio acima do esperado. "Com a mensagem da ata hoje, tudo [está] em aberto ainda, não é possível descartar um [corte de] 0,50% em junho, mas é mais um argumento na direção de que o BC tenha que reduzir o pace de corte da Selic".

A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, expectativas de inflação com reancoragem apenas parcial e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária. O Comitê reforça a necessidade de perseverar com uma política monetária contracionista até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas.
Trecho da ata do Copom

Por enquanto, o mercado ainda aposta em uma Selic encerrando 2024 em 9%. A expectativa também é de uma inflação mais baixa (3,75%, contra uma projeção de 3,79% na semana passada) e crescimento mais forte para este ano (1,85%, contra 1,80% na semana passada).

O centro da meta oficial para a inflação em 2024, 2025 e 2026 é de 3%, sempre com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

Os dados são da última edição do Boletim Focus, também divulgado hoje. A pesquisa semanal capta a percepção do mercado para os principais indicadores econômicos do país.

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O que é o IPCA-15 e o IPCA-E

O IPCA-15 foi criado com o objetivo de oferecer a variação dos preços no mercado varejista, mostrando, assim, o aumento do custo de vida da população. O índice começou a ser divulgado a partir de maio de 2000 e é uma prévia do IPCA, o indicador oficial da inflação no país. Como realiza a medição de preços em um período não calculado pelo IPCA, o indicador mostra qual será a tendência do resultado do final do mês.

Já o IPCA-E é divulgado ao final de cada trimestre do ano, sendo formado pelas taxas do IPCA-15 de cada mês. A apuração do IPCA-E foi iniciada em 1991 e seu objetivo é realizar um balanço trimestral da inflação. A pesquisa é realizada em estabelecimentos comerciais, prestadores de serviços, domicílios (para verificar valores de aluguel) e concessionárias de serviços públicos.

*Com Reuters

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