Conteúdo publicado há 7 meses

'PEC da autonomia do Banco Central é do Legislativo', diz Campos Neto

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, respondeu nesta quinta-feira (28) ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que afirmou discordar de alguns dispositivos da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 65/2023 que dá autonomia financeira e administrativa à autarquia.

'Proposta do Legislativo', diz Campos Neto

Campos Neto declarou que a PEC 65/2023 moderniza o Banco Central. O presidente, que fez a declaração em coletiva de imprensa sobre o RTI (Relatório Trimestral de Inflação), afirmou que o projeto vai além do tema de remuneração dos funcionários da instituição.

O economista frisou que a PEC foi entregue pelo Legislativo. A proposta foi assinada pelo senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO), presidente da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, e conta com o apoio de Campos Neto.

Ele disse que a independência do BC não seja discutida por meio da imprensa. Segundo Campos Neto, ele combinou com Haddad que "o tema não é para ser tratado na mídia", dada a complexidade técnica do debate.

O Banco Central pode contribuir com legislativo? Pode. Não teve nenhum projeto que o Legislativo fez sobre o Banco Central em que o Banco Central não teve participação. O que a gente está tentando fazer é uma aproximação do Legislativo com o governo.
Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central

O presidente do BC bateu novamente na tecla da autonomia do órgão. Campos Neto reforçou o que já disse em outras ocasiões que 90% dos bancos centrais de outros países que têm autonomia operacional também contam com autonomia financeira

Haddad fez as críticas à proposta em entrevista à CNN. O ministro disse ao canal em entrevista veiculada na quarta-feira (27) que "muita gente", não apenas ele, não concorda com alguns pontos da PEC. Ainda, o titular da pasta declarou que Campos Neto poderia ter discutido o assunto diretamente com o presidente Lula.

[Esses pontos] estão sendo objeto de uma análise mais detida por parte de quem vai decidir, que são os parlamentares.
Fernando Haddad, ministro da Fazenda

O que diz o relatório de inflação do BC

O Banco Central elevou a estimativa de alta do PIB de 1,7% para 1,9% em 2024. "A revisão moderada reflete, principalmente, dinamismo levemente maior que o esperado da economia no início do ano, como sugerem os indicadores disponíveis", informa trecho do Relatório Trimestral de Inflação.

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O Ministério da Fazenda prevê alta da atividade econômica de 2,2%. O ministro Fernando Haddad, porém, diz que a estimativa deve subir para 2,5%. No boletim Focus, a previsão é que o PIB cresça 1,85% este ano.

O Banco Central manteve a previsão de inflação oficial em 3,5% em 2024. A meta de inflação deste ano, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), é de 3% e será considerada cumprida se ficar entre 1,5% e 4,5%.

Para 2025 e 2026, a inflação esperada é de 3,2%. Em ambos os anos, a meta de inflação é de 3%, com a possibilidade de oscilar entre 1,5% e 4,5%.

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