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Impacto nacional: enchentes no RS vão fazer o arroz ficar mais caro?

Colheita deverá ser revisada após impacto das inundações Imagem: REUTERS/Wesley Santos

Colaboração para o UOL

10/05/2024 04h00

Os temporais que atingiram o Rio Grande do Sul trouxeram perdas severas para a agricultura e, consequentemente, vão impactar o preço de alimentos. O arroz, que é um dos principais itens da cesta básica brasileira, é um deles, mas não há motivo para pânico. Inclusive, a orientação é para que a população não faça estoque.

A Federação Nacional dos Produtores de Arroz publicou nota dizendo que não deve faltar arroz, pois 84% da colheita já havia sido feita —o RS é o maior produtor de arroz do Brasil e a produção estimada para deste ano, apesar das perdas, é só um pouco menor que a do ano passado.

Arroz vai ficar mais caro

Sim, deve haver um aumento no preço de alimentos. Mesmo considerando que seria impreciso medir agora os impactos das perdas, já é possível afirmar que haverá um aumento no preço de alimentos.

O preço dos alimentos não é controlado pelo governo ou alguma entidade. Na prática, isso faz com que aumentos sejam sentidos de forma mais rápida pelo consumidor final.

O Rio Grande do Sul representa grande parcela da produção nacional de arroz. O estado é responsável por 70% de toda a produção do cereal no país, o que significa que o impacto deve se espalhar nacionalmente.

De acordo com a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), os produtores do estado deveriam colher 7,48 milhões de toneladas ao final desta safra — mas essa previsão foi divulgada antes do evento climático e esse número provavelmente será revisado para baixo em breve. O IRGA vê que, caso as lavouras restantes sejam colhidas, a produção total chegará a 7,149 milhões de toneladas, valor um pouco menor da produção do ano anterior, de 7,239 milhões.

Acho que vamos ter queda de produção, os preços vão ser impactados no curto prazo, e de imediato, o arroz, soja, milho e a carne devem contribuir negativamente na inflação. O arroz é um ponto de atenção, porque ele tem um peso significativo no IPCA.
Ahmed El Kathib, professor da Fecap

Nos últimos 12 meses, o arroz acumulou alta de 28,39%. São dados do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), o principal medidor de inflação do país.

Para evitar uma possível escalada no preço, a Conab vai comprar o arroz já industrializado e empacotado no mercado internacional — de países como Argentina, Uruguai. Paraguai e, eventualmente, Bolívia. A informação foi dada ontem (7) pelo ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro.

Além do arroz, segundo previsão da LCA Consultores, outros cereais, leguminosas e oleaginosas também devem sofrer aumento de preços. Os principais impactos devem ser sentidos nessas áreas entre os meses de maio e julho.

Preço do arroz sofrerá impacto do evento climático Imagem: Getty Images/EyeEm

Mais produtos que podem ser afetados. Já de acordo com a análise de Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren Investimentos, gasolina, carnes bovina e suína, além do leite, também são alguns dos produtos que estão no radar para avaliação de possíveis aumentos de preços e impactos na inflação.

Além disso, mesmo produções que não foram afetadas diretamente pelas chuvas podem ter aumento de preços. Mas, como? O transporte de produtos já colhidos também está comprometido, já que muitas estradas e pontes foram danificadas pela catástrofe na região — que é responsável por safras importantes no país.

*Com reportagem publicada em 03/05/2024, 08/05/2024 e Agência Brasil

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