Publicidade no RS: mesmo com entregas em dia, futuro do mercado preocupa

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As enchentes no Rio Grande do Sul afetaram quase 460 municípios do estado, deixando ao menos 154 mortes e mais de 500 mil pessoas desabrigadas. O Governo Federal anunciou que destinará cerca de R$ 60 bilhões a ações emergenciais.

Mesmo com tantos desalojados e muitos locais sem luz (236 mil endereços continuam com o fornecimento de energia elétrica interrompido), boa parte das agências de publicidade do estado tem conseguido entregar seus projetos em dia.

Muitos colaboradores foram (e ainda estão) liberados dos seus trabalhos diários para atuarem como voluntários, em regastes, abrigos e triagem dos materiais doados. Ainda assim, apenas alguns trabalhos foram adiados nos primeiros dias de maio, mas a maioria das entregas tem voltados aos prazos normais.

A agência Paim é um exemplo. A sede da empresa, que fica no Instituto Caldeira, fortemente atingido pelas enchentes, está ilhada. Todos os colaboradores estão atuando de forma remota. Para Rodrigo Pinto, sócio-diretor da empresa, a empatia dos clientes foi fundamental para que tudo corresse da melhor forma possível, apesar da tragédia.

"A maioria dos clientes são marcas nacionais. Todos estão sendo compreensivos. Há uma empatia gigante. Clientes têm ajudado nas prioridades e prazos. Nenhum trabalho foi suspenso, mas houve um redimensionamento de prioridades. Como temos colaboradores de fora do RS, quem não foi afetado ajudou muito nas entregas", afirma o sócio da Paim.

Já para Rodrigo Dipp, CEO da Escala, outra grande agência do estado, o impacto direto momentâneo nos trabalhos foi relativamente baixo, perto do tamanho da tragédia. "Não tivemos trabalhos suspensos, mas houve uma forte readequação ao contexto atípico. Os clientes têm trabalhado com muita sensibilidade em relação aos problemas", diz Dipp.

O mesmo acontece com a BPool, uma plataforma que une empresas do ecossistema a grandes marcas. Segundo Simone Gasperin, sócia da empresa, mesmo com 30% da equipe morando no Rio Grande do Sul, não houve nenhum grande problema que não tenha sido resolvido entre agência e cliente.

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Uma das preocupações, no momento, é como a economia vai reagir aos próximos meses -além do arrefecimento da solidariedade vinda de todas as regiões do país.

"Todos os clientes, nacionais e regionais, estão sendo sensíveis e solidários. Mas a crise persiste. Apenas temo que a solidariedade se dissipe, com o tempo. O problema vai ser quando todos os problemas saírem das manchetes", diz Luciano Deos, fundador do Gad', uma consultoria de marca nascida em Porto Alegre.

Reconstrução será desafio

Apesar dos esforços já prometidos pelos Governos Federal e Estadual, uma forte preocupação recai sobre a reconstrução das cidades -e como a economia local irá reagir a isso.

"Isso vai durar semanas, meses e anos: ninguém tem noção da gravidade do impacto que isso se dará nas empresas, clientes e fornecedores do RS, além das relações das empresas nacionais com produtos gaúchos. Já existem campanhas por compras de produtos e pela contratação de empresas gaúchas que não estão conseguindo operar. A catástrofe do RS é um problema do Brasil. O projeto de reconstrução tem que ser nacional", afirma Deos.

Dipp, da Escala, prevê entre 18 e 24 meses para um patamar mínimo de reconstrução. "Teremos um longo impacto, que parte da nossa capacidade de reconstrução, da questão urbanística, que tem alto grau de investimento, das questões de educação, saúde e segurança, que serão desafiadores para a sociedade, além de como tudo isso vai impactar principalmente nos pequenos e médios negócios, que precisarão ser reestabelecidos", afirma.

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Para Simone, uma das saídas será dar visibilidade à indústria criativa do Rio Grande do Sul. "O efeito foi devastador. A reconstrução será longa. Do nosso lado, já iniciamos um movimento junto a clientes, para que parceiros do RS sejam apresentados a cada novo projeto incluído na plataforma, de forma a dar visibilidade a agências, produtoras e estúdios e gerar negócios".

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