Produtores rurais do RS pedem mais crédito e farão manifestação

Produtores rurais do Rio Grande do Sul planejam uma manifestação para pedir por ajuda financeira, crédito e mais prazo para pagar suas dívidas. O movimento SOS Agro RS, que representa grande parte dos pequenos produtores, deverá fazer uma manifestação em Porto Alegre no dia 19 de julho.

O que o agro reivindica

Movimento diz que produtores estão endividados. Com uma seca em 2022, muitos precisaram pedir empréstimos bancários em 2022. Hoje, estão sem acesso a crédito. E, com a enchente neste ano, a situação ficou ainda mais precária. "Se não tem como pagar suas dívidas, muito menos terão crédito para comprar insumos para a próxima lavoura", diz texto.

Pedidos são de acesso a crédito, redução de juros e mais prazo para pagar. Além disso, pedem revisão do seguro agrícola, já que o custo aumentou. Texto é assinado pela Farsul (Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul) e Fetag (Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul).

Outras demandas são prazo de 15 anos para o pagamento de dívidas criado ao longo dos anos (com três anos de carência), e taxas de juros mais flexíveis. Segundo Gustavo Thompson Flores, presidente da Associação dos Arrozeiros de Alegrete, a renegociação é necessária, pois com dívidas, não é possível ter acesso a novos créditos. "Estamos sem reservas e nosso patrimônio ficou comprometido. Ou seja, não temos mais garantias. O que vamos fazer se a grande maioria perdeu suas casas, moradias construídas por nossos antepassados, 50, 70 anos atrás?", declara.

Segundo estimativa do SOS Agro RS, só no meio rural, a tragédia climática prejudicou quase 20 mil famílias. Na agroindústria, a projeção é que cerca de 200 empreendimentos tenham sido atingidos.

Produtores de arroz e governo fecham acordos

Produtores devem garantir abastecimento. Já em reunião realizada no início da noite da quarta-feira, 3 de julho, em Brasília (DF), representantes do setor arrozeiro e do governo federal fecharam acordos para garantir abastecimento de arroz no mercado nacional. Conforme o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Alexandre Velho, negociação foi travata entre ministros da Agricultura, Carlos Fávaro, e do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, além do presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto, um monitoramento dos preços nas praças brasileiras.

Haverá monitoramento dos preços. "Vamos orientar os produtores a abastecer a indústria, trazendo tranquilidade para os consumidores", disse Alexandre.

Setor também criticou leilão do arroz

Leilão era desnecessário, diz setor. O presidente da Farsul (Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul), Gedeão Silveira Pereira afirma que o leilão nunca deveria ter existido, sendo totalmente desnecessário. "O que nós tivemos foi um problema de logística, um pequeno desabastecimento devido às enchentes. Muitas pessoas foram aos supermercados e compraram vários pacotes de arroz. Mas, tudo voltou ao normal, os preços recuaram e o mercado está abastecido", diz ele. O presidente do Irga (Instituto Rio Grandense do Arroz), Rodrigo Machado, declarou que a safra gaúcha tinha capacidade de garantir o abastecimento do país, sem justificativa para a importação de arroz no Brasil.

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O dirigente destacou outras desvantagens para a importação neste momento, com a alta do dólar. "Isto prejudicaria o arrozeiro que já perdeu duas safras nos últimos anos com a seca. O produtor está vulnerável, não tem capacidade de renegociação de suas dívidas", declara.

Gedeão revela que o preço do arroz, que havia subido, retrocedeu e hoje está estabilizado. O valor está a R$ 110 o saco de 50Kg do arroz com casca, referência do mercado para o produtor.

Leilão poderia prejudicar próxima safra. "(Importação ou continuidade dos leilões) poderiam trazer uma insegurança, inclusive uma ameaça ao tamanho da área plantada de arroz para a próxima safra", disse Velho.

O que aconteceu com o leilão de arroz

Leilão foi cancelado. Uma das edições do leilão foi cancelada por alta nos preços. Já outra porque vencedores eram de outros setores, sem experiência no setor de arroz.

Empresas não tinham experiência. Após o leilão, opositores ao governo, sobretudo a ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina, atualmente senadora pelo PP-MS, levantaram suspeitas sobre a participação de empresas desconhecidas do mercado e que arremataram alguns lotes. Das quatro companhias vencedoras, apenas uma — a Zafira Trading — é uma empresa do ramo. Também arremataram o leilão uma fabricante de sorvetes, uma mercearia de bairro especializada em queijo e uma locadora de veículos.

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Leilão tinha suspeitas de irregularidades, disse presidente Lula. O secretário de Política Agrícola, Neri Geller, pediu demissão. O diretor da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) responsável pelo leilão, Thiago José dos Santos, foi exonerado no dia 25 pelo conselho de administração da companhia. Mais recentemente, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, disse que não via necessidade de fazer uma nova edição do leilão.

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