Inflação desacelera em junho e tem menor alta para o 1º semestre desde 2020

A inflação oficial perdeu ritmo ao avançar 0,21% em junho, ante alta de 0,46% apurada no mês anterior, mostram dados divulgados nesta quarta-feira (10) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A expectativa do mercado era de que ficasse em 0,32%.

Com a primeira desaceleração desde março, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) registra alta de 2,48% no primeiro semestre e volta a figurar acima de 4% no acumulado dos últimos 12 meses.

Como ficou o IPCA de junho

O índice oficial de inflação do Brasil apresentou alta de 0,21% em junho. A taxa, inferior à variação de 0,46% registrada em maio, faz o IPCA fechar o primeiro semestre com alta de 2,48%. O resultado é o menor para o período desde 2020, quando o indicador avançou apenas 0,1% nos primeiros seis meses do ano, motivado por deflações nos meses de abril e maio.

No ano passado, a inflação de junho ficou negativa em 0,08%. O resultado, que representa a última deflação apurada na economia nacional, foi movido pela queda de preços dos alimentos (-0,66%) e dos itens relacionados ao grupo de transportes (-0,41%).

Taxa acumulada da inflação nos 12 meses encerrados em junho foi de 4,23%. O resultado coloca o índice de preços acima da barreira de 4% pela primeira vez desde fevereiro, quando a alta acumulada foi de 4,5%. No ano passado, a oscilação para o período compreendido entre julho de 2022 e junho de 2023 foi de 3,16%.

IPCA segue dentro do limite da meta. Mesmo com a nova aceleração, o índice acumulado em 12 meses segue no intervalo determinado pelo CMN (Conselho Monetário Nacional). A meta de 3% planejada para 2024 tem margem de tolerância de 1,5 ponto percentual, com a possibilidade de variar entre 1,5% e 4,5%.

Atual regime de metas para a inflação persiste somente até dezembro. A partir de janeiro de 2025, o intervalo anual pré-determinado deverá ser cumprido todos os meses, não apenas ao final de cada ano. Assim, o furo da meta será estabelecido sempre que o IPCA acumulado superar o teto da meta por seis meses consecutivos.

Alimentos mais caros

A inflação de junho foi influenciada pelo aumento dos preços dos alimentos e bebidas. A alta de 0,44%, apesar de inferior da apurada em maio (+0,62%), teve a maior contribuição geral para o resultado do IPCA. O movimento foi guiado pelo avanço de 0,47% da refeição em casa, também em desaceleração na comparação com o mês anteior.

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Altas da batata inglesa (=14,49%), do leite longa vida (+7,43%) e do arroz (+2,25%) figuram em destaque. Por outro lado, a cenoura (-9,47%), a cebola (-7,49%) e as frutas (-2,62%) ficaram mais baratas no mês passado, interrompendo um avanço maior da inflação de alimentos.

No caso do leite, o clima adverso na região Sul e a entressafra contribui para uma menor oferta, por conta da queda na produção. Já a batata também teve oferta mais restrita, mas relacionada ao final da safra das águas e início da safra das secas, que ainda não chegou a um patamar elevado.
André Almeida, gerente responsável pelo IPCA

Na alimentação fora do domicílio, a variação de preços foi de 0,37% em junho. A alta também é inferior à apresentada em maio (+0,5%). No subgrupo, os lanches (+0,39%) e refeição (+0,34%) também desaceleraram na comparação mensal. No mês anterior, as oscilações foram de, respectivamente, 0,78% e 0,36%

Outros grupos

Saúde e cuidados pessoais teve alta de 0,54% e foi o grupo de maior variação no mês. Com peso menor do que os alimentos na composição do IPCA, os preços do segmento foram influenciados pelos perfumes, que subiram 1,69%, e pela alta de 0,37% dos planos de saúde após a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) autorizar o reajuste de 6,91% dos convênios no dia 4 de junho.

Outro avanço significativo da inflação de junho partiu do grupo de habitação. A alta de 0,25% dos preços foi puxada pelas variações das tarifas de água e esgoto (1,13%) após reajustes em Brasília, São Paulo e Curitiba. A energia elétrica residencial subiu 0,3%, impactada pelo reajuste tarifário de 6,76% aplicado em Belo Horizonte.

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Os grupos de comunicação (-0,08%) e transportes (-0,19%) foram os únicos a apresentar deflação no mês. O resultado foi impactado pela redução de 9,88% no preço das passagens aéreas. Os combustíveis ficaram 0,54% mais caros, com altas da gasolina (0,64%) e do etanol (0,34%). Por outro lado, os preços do óleo diesel (-0,64%) e o gás veicular (-0,61%) recuaram.

Confira a variação de cada um dos grupos

  • Alimentação e bebidas: 0,44%
  • Artigos de residência: 0,19%
  • Comunicação: -0,08%
  • Despesas pessoais: 0,29%
  • Educação: 0,06%
  • Habitação: 0,25%
  • Saúde e cuidados pessoais: +1,16%
  • Transportes: -0,19%
  • Vestuário: 0,02%

O que é o IPCA?

O índice oficial de inflação é calculado a partir de uma cesta de 377 produtos e serviços. A escolha pelos itens tem como base o consumo das famílias com rendimentos de um a 40 salários mínimos. O cálculo final considera um peso específico para cada produto analisado pelo indicador.

O IPCA considera a evolução dos preços em nove grandes grupos. As análises consideram as variações apresentadas por itens das áreas de alimentação e bebidas, artigos residenciais, comunicação, despesas pessoais, educação, habitação, saúde e cuidados pessoais, transportes e vestuário.

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A análise mensal é realizada nos grandes centros urbanos do Brasil. Para isso, o IBGE considera as regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, além do Distrito Federal. Há ainda pesquisadores nos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís e Aracaju.

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