Bolsa e dólar fecham em queda

A Bolsa de valores de São Paulo e o dólar fecharam em queda nesta quinta-feira (25) após a divulgação de dados sobre a inflação no Brasil e o PIB dos Estados Unidos. O Ibovespa finalizou o dia em baixa de 0,37%, indo a 125.954,09, conforme dados preliminares. O dólar perdeu valor e ficou cotado em R$ 5,647, com 0,16% de queda.

O que aconteceu?

Dados sobre a inflação ajudaram o dólar a cair. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) foi de 0,30% em julho. O dado veio abaixo dos 0,39% registrados em junho, mas acima dos 0,23% esperados pelo mercado. O IPCA-15 acumula alta de 2,82% até o sétimo mês do ano e de 4,45% em 12 meses.

Por mais que o percentual tenha vindo acima das expectativas, a tendência geral do índice é de baixa. É o que diz Ariane Benedito, economista especialista em mercados de capitais. "A inflação continua arrefecendo em relação a junho e o grupo de alimentos caiu bastante", diz ela.

Mas em geral o mercado não gostou dos dados e por isso a Bolsa caiu. "O IPCA-15 de julho veio acima da nossa expectativa e com abertura pior do que a esperada, especialmente em função da aceleração dos serviços subjacentes, mostrando que a mínima do ano deve ter ficado em junho. Para frente, esperamos que o componente de serviços siga pressionado, refletindo o mercado de trabalho apertado. Também esperamos aceleração dos bens industriais, refletindo o câmbio mais depreciado", publicou o Itaú.

E nos Estados Unidos?

O PIB americano veio também acima do esperado. O produto interno bruto (PIB) dos EUA cresceu 2,8% no segundo trimestre de 2024, na comparação com os três primeiros três meses do ano. A previsão era de 2%.

Isso é negativo?

Sim. Se a economia americana está crescendo, a inflação aumenta também. Isso porque o crescimento do PIB aconteceu basicamente por conta do aumento dos gastos dos consumidores americanos. Isso colabora para preços em alta e fica mais difícil para o Federal Reserve, o Fed (banco central americano) cortar os juros.

Com taxas altas nos EUA, os investidores deixam países emergentes como o Brasil para investir lá. Assim, a Bolsa caiu aqui, nesta quinta.

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Copo meio cheio

O bom é que a taxa de crescimento desacelerou. Ficou abaixo do que acontecia no final do ano passado. Além disso, o PIB americano sofre revisões. Pode ser que daqui algum tempo esse número seja corrigido para baixo. Por isso, as apostas de que o Federal Reserve iniciará seu ciclo de cortes em setembro permanecem. E o PIB americano sofre revisões. Pode ser que daqui algum tempo esse número seja corrigido para baixo.

E por que o dólar caiu?

Houve um abrandamento na projeção dos juros futuros, explica Ariane. O que provocou isso foram os dados de inflação, do IPCA-15. "Ajudou a valorizar o real. A gente também tem um alívio com os dados de investimentos diretos", diz a economista.

Os investimentos diretos no país (IDP) registraram uma entrada de US$ 6,3 bilhões em junho. Foi mais que os US$ 2 bilhões do mesmo mês do ano passado, divulgou o Banco Central nesta manhã.

Além disso, os investidores estão aproveitando o dia para vender dólares. Ao se desfazer da moeda hoje, eles acumulam os lucros das altas da semana, que chegam a quase 4%.

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O iene também perdeu força nesta quinta-feira. A moeda japonesa foi valorizada nos últimos dias e isso fez várias divisas emergentes, dentre elas o real, perderem valor. Hoje, o contrário acontece, com o enfraquecimento da moeda oriental.

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