Cão Véio quer ter 50 unidades até 2026 e depois lançar produtos licenciados
O bar Cão Véio, do chef Henrique Fogaça, 50, e do músico Fernando Badauí, 48, vocalista da banda CPM22, está com um plano de expansão no negócio. Até 2025, a meta é chegar a 25 unidades e, até 2026, a 50. Hoje, a rede tem sete unidades já em operação. No ano passado, a empresa faturou R$ 15 milhões.
A ideia dos sócios é ter também, no futuro, um centro de distribuição e produtos licenciados da marca. "Estes são braços da empresa a serem explorados ainda: um centro de distribuição para abastecer todas as unidades e lançamentos de produtos licenciados com todo acompanhamento nutricional, como hambúrguer congelado, pães, cervejas e outros itens do nosso cardápio", afirmou Badauí. Não há previsão de sair do papel.
Como surgiu o negócio
A ideia de abrir um pub surgiu em Londres. Badauí diz que, durante uma turnê do CPM22 na Inglaterra, em 2009, ele frequentou muitos pubs londrinos. "Mesmo já sendo roqueiro, sempre quis ter um bar. Quando fui tocar em Londres, eu ficava indo de pub em pub para tomar cerveja. Achei o ambiente incrível e cheio de cervejas artesanais. Quando eu voltei para São Paulo, falei com meu amigo Kichi [Marcos Kichimoto] sobre o assunto. Fomos amadurecendo a ideia de ter um pub", afirmou. Na época, diz ele, não havia em São Paulo muitos bares com influência de universo pub.
Kichi era do cenário musical. Além de ter sido promoter de festas, ele trabalhou com algumas bandas, como Sepultura e Ratos de Porão. Foi sócio do Cão Véio junto com Fogaça e Badauí. Ele morreu de infarto em 2021.
Só saiu do papel em 2013. Badauí diz que ele e Kichi chegaram a fazer reuniões com possíveis sócios, mas as negociações não andaram. Em 2013, eles foram jantar no Sal Gastronomia (outro restaurante do chef Fogaça) e conversaram com o chef sobre a vontade de empreender. Fogaça comprou a ideia.
Já conhecia o Fogaça havia algum tempo e, naquela noite, trocando ideia com ele, falamos de montar um pub em São Paulo. O Fogaça começou a querer saber detalhes e se interessou, já que ele era do ramo.
Fernando Badauí, vocalista da banda CPM22 e sócio do Cão Véio
Em dois meses, eles abriram a primeira unidade do Cão Véio. Ficava em um imóvel pequeno, na Vila Madalena (zona oeste de São Paulo). Hoje, essa unidade foi transferida para um imóvel maior, no mesmo bairro.
No início, a maioria dos rótulos de cerveja artesanal era importada. Hoje, por conta da alta do dólar, 70% das cervejas artesanais do cardápio são nacionais. O cardápio conta ainda com pratos, lanches e petiscos.
Eles aprenderam a administrar o negócio. Badauí diz que, no começo, eles "apanharam um pouco" na gestão do negócio. "Fogaça ficava mais focado na cozinha, e eu em shows, mas em poucos meses montamos uma equipe competente para dar suporte na gestão do negócio", afirmou. O Kichi era o sócio responsável pela decoração da casa e ficava mais presente na operação do dia a dia, por conta da agenda apertada dos outros dois.
Badauí diz que todo pequeno negócio passa por uma série de aprendizados no início. "Um exemplo foi o almoço que insistimos em fazer durante anos, mas nunca tivemos os resultados esperados", afirmou. Hoje, apenas algumas unidades do Cão Véio abrem no horário do almoço e em alguns dias.
Só tenho cara de péssimo aluno, mas tenho base de conhecimento, de empreendedorismo. Aprendi muita coisa, porque eu não era do ramo de bares. Sou [de uma família] libanês, sempre trabalhei com a premissa de saber quanto entra e quanto sai. Tive que entender de insumos, de compras, de gastos operacionais, para ter controle financeiro.
Fernando Badauí, vocalista da banda CPM22 e sócio do Cão Véio
A empresa tem hoje duas operações distintas: loja matriz e franqueadora. Na matriz, Fogaça e Badauí se dividem nas responsabilidades, tendo uma equipe capacitada que "toca" o negócio. Na franqueadora, Fogaça cuida do cardápio e decoração, juntamente com Badauí, que também participa das ações de marketing. E na franqueadora, os dois têm outro sócio, Marcel Akira, que lidera a equipe de treinamento e expansão da rede e presta suporte para todas as lojas.
Franquia custa a partir de R$ 600 mil
A empresa começou a franquear a marca em 2016. Entre julho de 2017 e novembro de 2018, abriram cinco franquias. "Depois, seguramos por conta da estrutura que necessitava crescer um pouco e, na sequência, veio a pandemia. Agora, retomamos o processo de expansão", diz Akira. Em 2023, a marca retomou a expansão de franquias, em parceria com a consultoria Avant Franquias.
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Quero receberHoje, a rede tem sete unidades em operação e cinco em implantação. Estão em funcionamento três unidades em São Paulo (Vila Madalena, Vila Mariana e Tatuapé), uma em Alphaville, em Barueri (SP), uma em Sorocaba (SP), uma em Curitiba (PR) e uma em Goiânia (GO). Apenas a unidade da Vila Madalena é própria. A unidade de Londrina (PR) está funcionando em caráter experimental e tem previsão de ser inaugurada oficialmente até outubro.
Para ser franqueado, o cara precisa ser bom gestor e ter uma mínima identificação com o estilo do bar, com personalidade da marca. Não é só ter dinheiro para montar o bar. Geralmente, quem procura a gente já é quem se identifica com essa cultura.
Fernando Badauí, vocalista da banda CPM22 e sócio do Cão Véio
A meta é chegar a 25 unidades até 2025 e 50 até 2026. São três modelos de negócio: filhote (20 lugares), boxer (50 lugares) e dogue alemão (80 lugares).
O investimento inicial na franquia é a partir de R$ 600 mil (sem as obras). O faturamento médio mensal é de R$ 200 mil, e o lucro médio mensal é de 15%. O tíquete médio de uma unidade da marca varia de R$ 120 a R$ 130.
Em 2023, o faturamento da empresa foi de R$ 15 milhões. O lucro não foi revelado.
A marca participa de eventos. "Levamos o bar para diversos tipos de eventos, desde o lançamento de um condomínio até eventos grandes, como o Lollapalooza. Atualmente, a maior parte dos eventos é feito pela matriz, mas, com o tempo, as novas franquias também poderão participar de eventos em suas regiões", diz.
Padronização é o coração do negócio
O Cão Véio é uma rede de bar e restaurante com pegada rock 'n roll e temática canina. O espaço tem uma atmosfera intimista, com pouca iluminação, e a decoração tem forte influência londrina. As menções aos cachorros aparecem em pratos do cardápio que ganham nomes de raças de cães e ainda nos ambientes da casa.
Todos os pratos são elaborados pelo chef Fogaça. Ele ensina as receitas para os subchefs das franquias, que também têm acesso a vídeos para reprodução dos pratos.
O prato mais pedido é o "Fila Brasileiro". Está no cardápio desde o início da empresa. É feito com filé mignon empanado na farinha panko, recheado com queijo muçarela e gorgonzola, acompanhado de molho de tomate picante e pão tostado na manteiga. Custa R$ 97.
Cão Véio tem equipe que só cuida da padronização das franquias. Isso inclui desde a decoração e ambiente até pratos, drinques e serviços.
Equipe da franquia faz treinamento na matriz do Cão Véio, em São Paulo. Badauí diz que, um mês antes da abertura de uma franquia, parte da equipe (da cozinha, bar e salão) vem para São Paulo passar por treinamentos no Cão Véio. "E, assim que a loja abre, uma equipe do Cão Véio acompanha por algumas semanas o desempenho da franquia. Mesmo quando a franquia está andando sozinha, nós damos toda a assistência necessária, inclusive com treinamento de novos funcionários", diz.
Geralmente, com toda a nossa expertise, a implementação do padrão tem sido positiva. E isso é imprescindível para o sucesso do negócio. Afinal, a padronização é o coração do negócio.
Fernando Badauí, vocalista da banda CPM22 e sócio do Cão Véio
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