Crescimento de criptoativos e bets são desafios no Brasil, diz Galípolo
O diretor de política monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou que o crescimento no volume de criptoativos e de casas de apostas no Brasil são desafios que chamam a atenção no país. Galípolo participou do Finance of Tomorrow nesta terça-feira (13) no Rio de Janeiro. O encontro é organizado pela consultoria Potion, com apoio do Banco Central e da prefeitura da cidade.
O que aconteceu
Galípolo disse que as despesas com bets esportivas estão crescendo. Segundo o diretor do BC, o tema exige análise e pode ser um dos motivos para não haver aumento de poupança em momentos em que há crescimento da renda dos brasileiros.
Tem crescido como um ponto de análise, inclusive com grandes bancos trazendo o assunto, que talvez o crescimento da renda observado nos últimos meses e que não é refletido em crescimento da poupança ou do consumo, possa estar vazando em grande medida para esse tipo de atividade, para os jogos de apostas.
Gabriel Galípolo, diretor de política monetária do BC
A redução na poupança também pode ter relação com mais acesso a outros tipos de investimentos. Galípolo afirma que os brasileiros têm mais informações a respeito de alternativas de investimentos.
O aumento no número de criptoativos não é visto como um problema. Galípolo diz que a dificuldade é entender o mercado. Hoje existe uma discussão sobre como classificar os ativos na contabilidade nacional e as motivações das transações. "Pode ser de uma maneira mais simples para as pessoas terem acesso a uma conta em dólares, por exemplo, ou pode ter um motivo para a especulação, já que isso não está muito claro para as autoridades monetárias ao redor do mundo", diz Gabriel Galípolo.
Galípolo elogiou a implementação do Pix. Ele afirma que a adesão do meio de pagamento foi "inacreditável" e que se a operação do Pix fosse encerrada por algum motivo, seria pior do que ficar sem água em casa.
Conseguimos produzir um dos casos mais exitosos de infraestrutura pública digital que é o sistema de pagamento instantâneo que é o Pix. Com uma velocidade de adesão inacreditável, presente na vida das pessoas. Acho que se por qualquer razão tivesse a interrupção do serviço do Pix, seria pior do que as pessoas não terem água em suas casas, não terem luz em suas casas. Esse é o nível de dependência que se chegou a partir disso com a qualidade do serviço que foi prestado. Essa é uma agenda que está no DNA do Banco Central.
Gabriel Galipolo, diretor de política monetária do BC
Perda de funcionários
O BC tem menos funcionários atualmente. Isto porque houve a aposentadoria de profissionais sem a reposição de pessoal por meio de concursos públicos. Segundo Galípolo, houve uma perda de 20% a 30% de pessoal nos últimos anos. Apesar da diminuição, ele garante que houve um aumento na produtividade do BC.
Presidência do BC
Galípolo é cotado para ser o substituto do atual presidente do BC, Roberto Campos Neto. Em evento em São Paulo nesta segunda-feira (12), Galípolo rechaçou a afirmação de que será o nome indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para assumir o posto em 2025 e defendeu Campos Neto. "Ele está exercendo na sua plenitude a presidência do BC, de maneira ultragenerosa com todos os diretores", afirmou.
Ele destacou ainda que seu mandato se encerra em março de 2027. Primeiro diretor indicado por Lula para a atual diretoria do BC, Galípolo defendeu a necessidade de elevar a credibilidade da autoridade monetária. Para isso, o diretor de política monetária destaca a necessidade de "falas e ações coerentes".
*A repórter viajou a convite da organização do evento.
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