Sílvio Crespo

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Reportagem

Vai financiar um imóvel? Descubra até quanto vale a pena dar de entrada

Este texto não é sobre a tradicional questão de se vale mais a pena comprar um imóvel ou morar de aluguel. Não.

Sobre isso eu já escrevi e a conclusão é de que, financeiramente, costuma ser mais vantajoso pagar aluguel, mas essa decisão envolve também aspectos subjetivos (por exemplo, a segurança de ter o próprio espaço) que, muitas vezes, justificam a compra da propriedade.

Este texto é para quem já decidiu ou está quase decidido a comprar o próprio imóvel e tem um dinheiro guardado para dar de entrada ou adquirir à vista. O que você vai ver é que, tomando a decisão errada, você pode acabar perdendo milhares de reais.

Quanto vale a pena destinar para a compra do imóvel?

Vale a pena você destinar à compra do seu imóvel todo o dinheiro que lhe permita viver sem contrair novas dívidas. Por exemplo, digamos que você tenha R$ 200 mil, e a sua casa nova custe R$ 400 mil. Se você, como eu, detesta dívidas, pode ser tentador querer dar os R$ 200 mil de entrada. Assim, você terá que financiar apenas metade do imóvel e não ficará com uma dívida muito grande.

O problema é que, se você se descapitalizar totalmente, ou seja, se ficar sem nenhuma reserva, aumentará muito as chances de você precisar fazer novas dívidas na sua vida. E as demais dívidas, muito provavelmente, terão uma taxa de juros maior do que a do seu financiamento.

Um caso clássico é o da pessoa que gasta tudo o que tem na entrada do imóvel (ou mesmo na sua compra à vista) e depois não tem dinheiro para fazer as reformas necessárias. Aí começa a parcelar tudo no cartão com juros.

Vamos aos números

A taxa de juros média do financiamento imobiliário no Brasil está em 9,5% ao ano, segundo dados do Banco Central. Já o parcelamento da fatura do cartão está em 178% ao ano. O rotativo do cartão, quando você não paga a fatura inteira, está em 432% ao ano.

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Imagine se você começa a parcelar a fatura do cartão todos os meses, ou mesmo entrar no rotativo seguidas vezes. Isso se torna um risco real quando a pessoa não só gasta todo o seu dinheiro na entrada do imóvel como também compromete uma parte muito grande da sua renda no pagamento das parcelas do financiamento imobiliário.

O parcelamento da fatura do cartão, o parcelamento de compras nas lojas (físicas e online) com juros e outros tipos de empréstimos são práticas que podem virar rotina quando se está com uma boa parte da sua renda comprometida com o financiamento do imóvel.

Os juros do empréstimo para compra de bens diversos estão hoje em 90% ao ano. Os do crédito consignado estão em 39% para trabalhadores do setor privado e em 21% para servidores públicos. O financiamento de veículos está em 26% ao ano, sempre segundo o Banco Central.

Conclusão

A diferença entre os juros do financiamento imobiliário e os de outros tipos de empréstimo é gritante, como você viu acima. Ao financiar um imóvel, mantenha uma reserva que lhe permita viver com algum conforto sem precisar tomar novos empréstimos. Se necessário, reduza o valor que está pensando em dar de entrada.

Se reduzir a entrada fizer a parcela aumentar muito, a ponto de ficar difícil pagar, é sinal de que você pode estar tentando dar um passo maior do que as pernas no momento. Nesse caso, tente um desconto no imóvel ou busque outro mais barato. Melhor uma casa mais simples do que as contas desequilibradas.

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Sobre o autor

Sílvio Crespo é sócio e diretor do aplicativo Grana Capital, que oferece facilidades para investidores pessoas físicas.

Reportagem

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