Empresa investe em diversidade e inclusão, diz presidente da Roche Brasil
Primeira mulher a chefiar a Roche no Brasil, Lorice Scalise, 52, disse que a companhia investe em diversidade, equidade e inclusão. Ela foi convidada do "UOL Líderes", videocast do UOL Economia que entrevista líderes do mundo empresarial.
"Na Roche, a gente tem um esforço enorme sobre a diversidade, a equidade e a inclusão. A gente acredita profundamente que isso enriquece o ambiente, as discussões ampliam", declarou ela, que é presidente da Roche Farma Brasil.
Fundada em 1896, a Roche tem sede na Basileia (Suíça) e atua em mais de 100 países, entre eles o Brasil. É uma empresa global, pioneira em produtos farmacêuticos e de diagnóstico. Mais de 30 medicamentos desenvolvidos pela Roche estão incluídos na lista de medicamentos essenciais da OMS (Organização Mundial da Saúde), entre eles antibióticos, antimaláricos e medicamentos contra o câncer.
Na Roche, há seis frentes de diversidade. Lorice disse, na entrevista, que os grupos são de mulheres/igualdade de gênero, homens, LGBTQIA+, PcDs (pessoas com deficiência), afrodescendentes e gerações (grupo voltado à pauta do etarismo). "Eles estão todos dentro de uma governança. Eles estão todos alinhados à nossa estratégia. Como a gente convive com todas as diferenças e todas as gerações", declarou.
"Men at Work" é um grupo de homens dedicados a discutir a masculinidade tóxica. "A gente tem um grupo de homens, porque a reposição da mulher no lugar de trabalho também requer repensar quais são os espaços que os homens também podem ocupar e quais são outros diálogos que eles podem ter", afirmou.
Dignidade para pessoas do grupo LGBTQIA+. "É super importante a inserção no mercado e a atenção à saúde dessa população. Uma população que é ainda bastante marginalizada. Quando você imagina que uma mulher trans tenha uma expectativa de vida de 35 anos, alguma coisa está bem errada. A gente precisa ter espaço e atenção nisso. E um espaço inclusivo primeiro no trabalho, porque o primeiro lugar de dignidade para essas pessoas é o espaço do trabalho", declarou.
A Roche leva muito a sério todos esses aspectos, e a gente tem trabalhos bem profundos em cada uma dessas seis áreas.
Lorice Scalise, presidente da Roche Farma Brasil
A empresa tem metas afirmativas. Na entrevista, Lorice disse que a empresa precisa das mulheres para que as decisões também possam ser diferentes. "A gente acredita que precisa dessa diversidade interracial. Porque eu posso representar uma mulher, mas eu não posso representar uma mulher negra, porque eu não sei qual é o sentimento dela quando ela entra em um atendimento médico, por exemplo", afirmou.
Então, a gente tem metas afirmativas, tem metas estratégicas. Uma das metas mais importantes para a gente, em termos de atendimento de mulheres negras, é ser capaz de oferecer [no SUS] os mesmos tratamentos que a Roche oferece no sistema privado. O SUS [Sistema Único de Saúde] é onde 90% da população assistida são mulheres negras.
Lorice Scalise, presidente da Roche Farma Brasil
Primeira pessoa latino-americana no cargo
Além de ser primeira mulher, ela também é a primeira pessoa latino-americana a assumir o cargo. "A gente sempre teve alguém de fora, europeus, na liderança da Roche, uma empresa que tem mais de 90 anos no Brasil. Então, acho que o fato de estar nessa posição, para mim, primeiro, me traz orgulho", declarou. Ela assumiu o cargo no início de 2023.
Lorice diz ter conhecimento do sistema de saúde do Brasil. "Eu não aprendi sobre o sistema de saúde do Brasil. Eu vivo o sistema de saúde do Brasil. Eu nasci no interior de São Paulo. Nasci em uma Santa Casa. A vida inteira fui atendida no SUS. Fui ter o meu primeiro plano de saúde quando arrumei um emprego. Eu estudei em uma universidade pública. Então, acho que eu tenho uma bagagem e um conhecimento que me ajudam, talvez, a pensar de outra forma", declarou. Ela é graduada em ciências farmacêuticas pela Unesp (Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho).
Acho que é uma oportunidade para a Roche, mas é uma oportunidade também para a indústria, para o Brasil, o fato de ter uma mulher brasileira à frente de uma das maiores farmacêuticas aqui do país. Então, faço isso com muita responsabilidade.
Lorice Scalise, presidente da Roche Farma Brasil
A responsabilidade de ser modelo. Na entrevista, Lorice disse que cada mulher que alcança um lugar de liderança traz consigo a responsabilidade de ser um modelo, de ser um exemplo.
Eu sempre falo que eu sou muito agradecida à Marta, a jogadora de futebol, porque, por muito tempo, os meninos podiam sonhar em ser o Pelé, mas as meninas não tinham um lugar no futebol. E hoje as meninas podem sonhar em ser a Marta, podem sonhar em ter um lugar no futebol feminino.
Lorice Scalise, presidente da Roche Farma Brasil
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"Qualquer pessoa, tendo a necessidade de um tratamento, existindo um tratamento disponível, tem o direito de ter essa possibilidade", afirmou Lorice, na entrevista.
Uma das linhas de tratamento da Roche são as doenças raras. "A gente tem buscado algumas doenças específicas que são órfãs, ou seja, que não têm tratamentos disponíveis. Temos desenvolvido pesquisa e desenvolvimento, sim, nessa área", disse.
Falta de investimento em infraestrutura básica gera mais e mais doentes, diz Lorice. "Se eu não cuidar da educação, se eu não cuidar da infraestrutura, se eu não cuidar do transporte, se as pessoas não têm descanso, o número de pessoas doentes que vão aparecer dentro do sistema é enorme. E o orçamento da saúde nunca vai ser suficiente", declarou.
Transformação digital na área da saúde
Na entrevista, Lorice disse que um dos desafios do sistema de saúde é a transformação digital. Disse ainda que é preciso abordar a saúde de uma forma mais ampla e investir em tecnologia. Para ela, investir em dados e transformação digital reduziria custos e ineficiências na saúde.
A gente tem que remover a barreira e conseguir fazer uma transformação digital profunda e importante, para que a gente tenha os dados disponíveis, entenda o sistema e possa ganhar eficiência.
Lorice Scalise, presidente da Roche Farma Brasil
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